Duas culturas... Um amor entre Uma mulher branca e um chefe guerreiro Lakota.
A Filha Pálida da Lua
A Filha Pálida da Lua Irma Rosa
A linda e jovem July se encontrava indefesa e perdida na floresta, após um naufrago, na qual ela e seus pais estavam seguindo naquela embarcação rumo à terra prometida. Após terem entrado naquela simples embarcação, seguiram rio abaixo juntos com outras pessoas que seguiam ao mesmo destino. Seus pais tinham recebido uma proposta de emprego nas minas de um minerador,mas o destino lhe pregaram uma peça.Agora ela se encontrava sozinha perdida no meio da mata.Até que,do nada aparece um grupo de guerreiros indígenas,que com um olhar assustador ,um dos selvagens percebe que ela se encontrava escondida entre uma moita de salgueiro.Sem forças para se defender,ela encara o selvagem. Lobo Negro encarou a linda mulher assustada, que se encontrava escondida logo a sua frente. Aquela filha pálida da lua lhe roubou o coração. Seria ela a mulher que o grande Pejuta Wichasha,xamã, curandeiro da tribo, lhe havia revelado através de uma visão, na ultima vez em que ele se juntara ao conselho para receber o manto sagrado de pele do lobo negro, e que agora ele se tornara o grande chefe daquela tribo? Querida leitora,
Gostaria que você apreciasse esse segundo Romances que escrevi sobre índios, sou apaixonada pelos nativos americanos, e por isso decidi, todos os meus romances serão escritos pensando nesse povo maravilhoso que faz parte de nosso mundo mágico da literatura romântica. Espero satisfazer o seu maior sonho, estar na sua imaginação o poder de se sentir-se nos braços fortes desse guerreiro indígena, Lobo Negro.
Um beijo bem grande de sua mais nova autora, Irma Rosa
PRÓLOGO
Sentado em circulo no hocoka,espaço sagrado ,a moda indígena,Lobo Negro,se encontrava no conselho da tribo para ser nomeado pelo grande xamã o mais novo chefe da tribo. A cerimônia já tinha começado quando o sol ainda estava no alto do céu pai, o Pejuta wishasha,xamã,Orador Grande,espargia as fumaças de tabaco no ar, e batia com a ponta do tacape no chão ,parte do ritual sagrado, o mesmo em que se repetia desde seu mais longínquos ancestrais,para escolha do novo chefe que iria suceder Grande Urso,o velho chefe que partira para o céu pai há três luas atrás.
--- Orador Grande,precisa dizer a Lobo Negro, a visão sagrada do sonho que ele teve com o mais novo e jovem chefe que guiará nosso povo para uma nova caminhada em busca de lugar onde o povo gozará de grande harmonia ,abrigo, paz e fartura.
— Qual é o significado de sua visão, Orador grande? —Lobo Negro perguntou ao feiticeiro que se manteve em silêncio por alguns instantes. Com o cachimbo na mão direita,e com a esquerda bateu no peito três vezes e respondeu:
— Apenas o espírito sabe, porem duas luas se passarão, e depois, seus olhos verão e seus ouvidos ouvirão aquela que será trazida pelas águas que se tornará a mãe de seus filhos e lhe aquecerá seu tapete de dormir quando seus ossos forem de finando pelos muitos invernos que se terão passado.Ela tem a pele branca como a neve presa nos picos das grandes montanhas,Seus cabelos não são da cor presente na escuridão da noite,mas brilha ao ser beijados pelos raios dourados do Sol.Tem o brilho azul do Céu Pai,presos nos seus olhos.E lutará ate o fim para escapar dos braços do destino,quando essa for encontrada pelo homem que a tornará a mãe de seus filhos.
Lobo Negro o olhou com grande admiração. Falou do mais profundo do seu coração: — Essa daí, será carne da minha carne,e ossos dos meus ossos,seus seios serão beijados,e acariciados por minhas mãos,e plantarei em seu ventre a minha semente,sinal da aliança que faço com meu povo a partir de hoje.E seu ventre gerará o meu sucessor que cuidará de guiar o povo Lakota ate outro lhe suceder seu lugar. —O espírito do Grande Lobo Negro me revelou que será seu guia e protetor pelo resto de sua vida. Será seu guardião forte e lhe guiará seus passos, além de garantir a habilidade de conduzir seu povo para os lugares que muitos búfalos habitam, onde o povo terão o que comer e se agasalhar durante a temporada da neve. Em troca, haverá muitas obrigações... —o xamã continuou a revelação. — Obrigações que cabe ao chefe executá-las com afinco.Você estará disposto a aceitar Lobo Negro como sua força pessoal? Ser digno de tal honra? Reverenciá-lo diariamente através de sua coragem, suas atitudes e obrigações de defender a tribo dos perigos?
— Estarei sim o Grande Feiticeiro. — prometeu, maravilhado com a proteção que teria do grande espírito do Lobo Negro e a honra que teria de ser o chefe do povo Lakota.Faria o possível e o impossível para honrar esse povo e guiá-los com proteção e segurança para os lugares onde teriam comida ,abrigo e lugar para o povo crescerem com paz.— Para mim será uma honra ser o chefe de nossa tribo,e prometo dar o melhor de mim para protegem meu povo,meus ancestrais terão orgulho de mim, e os espíritos que se encontram já em repouso no colo do céu pai ,verão que Lobo Negro não irão decepcioná-los. Respondeu com grande orgulho— Espero que o povo se ache satisfeito por terem escolhido Lobo Negro como seu chefe e guia protetor, mostrarei sempre digno de terem acreditado em mim.
Lobo Negro agora sabia, que o tempo em que tinha dedicado para preparar-se para ser o novo chefe da tribo tinha valido apena, pois não tinha tomado por esposa nenhuma outra mulher, e era livre para desposar a mulher da visão do Feiticeiro. Sentiu um anseio corroer-lher a alma, quanto tempo se encontrava sem ter uma mulher em seus braços. E agora ficaria esperando com muita ansiedade a hora em que encontraria a mulher da visão. Com grande satisfação, o xama balançou a cabeça e deu um forte abraço em Lobo negro.
— A partir desse dia seremos o seu povo e você será nosso chefe ate o dia em que seu filho,por ter alcançado diversas façanhas como você o fez,venha tomar seu lugar.
Capitulo Primeiro
Eram seis horas da manha, o céu ainda estava escuro, com enormes nuvens acinzentadas, salpicadas de branco, quando a velha embarcação seguira rio abaixo. Com destino ao novo mundo levando uma pequena tripulação de pessoas que iriam tentar a sorte nas minas de ouro no território de Dakota do Norte, era uma promessa de vida nova para muitos que se encontravam endividados ou sem um teto para morar. July e seus pais se encontravam naquele pequeno barco, iriam trabalhar nas minas de ouro de um senhor bastante influente naquelas regiões, muito se ouvira falar que era uma oportunidade de se conseguir dinheiro para comprar uma habitação e um meio de melhorar de vida. Eles tinham encontrado escrito num jornal que David Hunter estava contratando pessoas para trabalhar nas suas minas de outro,ele teria colocado que pagaria uma quantia boa aos homens e às mulheres que se interessassem a trabalhar cozinhando e lavando as roupas dos mineradores que não tinham esposas.
Estavam na metade do grande rio em meio a floresta ,faltando ainda uma longa jornada para chegarem em seus destino ,quando os homens estavam todos gritando quando o barco alcançou uma enorme cachoeira ,mas era impossível de se conseguir desvencilhar-se dela ,pois estavam muito em cima,e o vento aumentava agitando a água gelada do rio. Ainda presa ao frio do inverno, a floresta, ao longo das margens, dava a idéia de um vazio esverdeado e sem fim.
De repente se ouviu o barulho do casco do barco se partindo em duas partes, e com gritos de horror foram arrastados pelas correntezas e jogados com violência contra aquela cachoeira, e o sonho de uma nova vida se tornara impossível para aquela gente.
— Mamãe, papai! Não me deixem! — gritou July desesperada. Tudo se apagou em sua volta e ela não se conseguia ver mais nada. Ate o momento em que ela acordara daquele pesadelo e notara que se encontrava jogada deitada na beira do rio. Com os ombros curvados, July forçou-se a permanecer imóvel. Levantou os olhos e viu na distância, um grupo isolado de montanhas com seus picos cobertos de neve que se erguia de encontro ao céu coberto de pesadas nuvens escuras. O barulho de pássaros e o piar de uma águia eram assustador. Enormes pinheiros com seus troncos grossos rodeavam dos dois lados as margens do rio. O vento soprava fortemente fazendo seus cabelos se soltarem da presilha, seu vestido longo se encontrava encharcado grudando à sua pele que se arrepiava com o frio. July começou a se mover na tentativa de se levantar, porém seu corpo estava todo dolorido e também se sentia muito fraca, parecia que tinha sido esmagada de encontro ao casco do barco. Naquele lugar o brilho do sol era bastante diferente de sua terra natal, havia apenas uma sombra daquilo que se parecia ser as luzes dele, enormes nuvens escuras povoavam o céu dando a impressão de que viria a qualquer momento uma tempestade. O medo tomou conta de seu coração, sentindo pela primeira vez a impressão de estar totalmente sozinha sem ninguém para ajudá-la, mas espere ai, onde estariam seus pais? E o resto da tripulação do barco? Pondo-se com dificuldade de pé, ela começou dar uma olhada por todos os lados, mas, porém não avistou nada, ninguém por perto, onde teria ido parar todo mundo?Teriam sido arrastados pelas correntezas rio abaixo? July deu uma rápida olhada às margens do rio, mas a água se encontrava tão escura que não dava para enxergar praticamente nada no fundo.
Endireitou o corpo com cuidado, e começou a caminhar, sentia-se muito fraca, não se lembrava da ultima vez que havia comido alguma coisa, mas de repente sentiu
uma grande tontura desfaleceu, e com grande impacto caiu na areia molhada da beira do rio. Ao voltar daquela leve sinapse de inconsciência,ouvira ago se mexendo próximo onde ela se encontrava desfalecida.A impressão era a de que alguma coisa ou alguém estava se aproximando de onde ela se encontrava,ouviu o barulho de galhos e folhas secas sendo pisadas suavemente.Seu sentidos se puseram em alerta,permanecendo quieta ,sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha dorsal,sentiu um calafrio, medo,melhor dizendo terror,lembranças passadas onde era protegida o tempo todo pelo pai,passaram pela sua cabeça,e agora?Onde ele estaria para lhe proteger?Sentiu um grande vazio encher-lhe o peito ao se recordar de momentos felizes junto a seus pais,sentia-se sozinha desprotegida,exposta aos perigos daquele lugar em meio aquela densa floresta selvagem,o que estaria causando aquele barulho?Chamou num tom cheio de medo:
— Papai? Mamãe?
Não houve nenhuma resposta, apenas um assovio de um pássaro soou por perto e foi respondido logo pelo companheiro ainda mais próximo.
Ficou mais uma vez imóvel, mentalizando o som estranho em sua mente, uma sensação de um mau pressentimento veio a perturbar o coração. Apurou os ouvidos e ficou alerta, percorreu com o olhar a clareira de maneira minuciosa. Mas no peito, o coração disparava a cada som emitido no meio da floresta.
Um mau pressentimento, que a qualquer momento algo poderia acontecer... Os cabelos em sua nuca e em seus braços se arrepiaram. O uivar de um lobo mata adentro podia sentir-se,tão fortes e verdadeiros como as árvores ali presente ao seu redor...
July pode sentir uma rajada de vento frio passar por ela, de repente ela soube que seu futuro era algo que não se podia pensar naquele momento de horror e o medo do futuro que de certa forma era algo tão distante quanto aquelas nuvens escuras lá no céu. Um futuro sem seus pais, e de certa forma agora sozinha, futuro esse muito diferente daquele que haviam planejados juntos com eles.
July rogou uma prece a Deus rezando baixinho, uma sensação de abandono encheu o vazio de seu peito, não sabia se chorava, ou soltava o grito de desespero que se encontrava preso em sua garganta. Mas as lagrimas foram persistentes em silêncio, ela desabou a chorar, jamais se esqueceria dos pais que muito amava, ela iria lutar para procurar seus vestígios, custasse o que custasse iria encontrar alguma coisa que provasse se estariam mortos ou se estavam vivos em algum lugar desconhecido por ela.
Outra vez ela ouviu outro uivo do lobo, sentiu, outro arrepio percorrer-lhe as entranhas, seus olhos passaram pelas planícies e vegetação, de repente ela teve um sobressalto ao avistar a poucos metros de onde ela se escondera, próximo uma moita de arbustos localizados na entrada da mata, quatro índios estava chegando, dois carregavam preso em um pedaço de madeira um veado morto. Tinham os rostos pintados de preto e vermelho, o peito, estavam nus, também com a mesma pintura, e a parte intima coberta pela minúscula tanga de pele de gamo. Carregavam alforje com enormes flechas pontiagudas e arcos presos aos ombros nus.
Com a respiração entrecortada, July estava completamente ,chocada, que mal podia conter um grito de horror.
—Meu Deus! —ela gritou tampando a boca com as mãos para abafar o grito cheio de medo. Seus olhos percorreram o chão ao seu redor a procura de algo para se defender, achou um pedaço de madeira e o arrastou-se ate onde ele se encontrava.
Segurando-o com ambas as mãos, July se preparou para o pior que poderia vir acontecer-lhe. Ouviu barulho às suas costas e olhou. Ela se levantou em disparada numa corrida desenfreada rio abaixo, tropeçou diversas vezes sem desistir de escapar das garras dos índios, levantando e caindo ela seguiu em fuga, com a respiração ofegante, mas sempre continuando em frete e entrou no meio de uma moita de salgueiro que se encontrava longe dali. As barras rendadas das saias se enroscaram nos galhos secos de uma arvore caída e rasgaram - se, um arranhão enorme em sua testa logo começou a jorrar sangue, a dor não impediu que ela continuasse sua fuga desesperada.
Gritos estranhos dos selvagens chegaram ate onde ela estava escondia, a respiração suspensa ela pode perceber que eles a viram em fuga e embrenhar-se na mata, eram gritos roucos e selvagens, um medo enorme invadiu o coração de July. De repente fez um silencio total, ofegante ela rezava baixinho, para que eles não a encontrassem ali escondida, sabia muito bem das historias horripilantes sobre os nativos selvagens, que seus pais lhe contavam quando ainda pequena. Tinha certeza que se eles a encontrassem iriam capturá-la e fizer dela sua prisioneira e ate mesmo matá-la.
Ela continuava tentando controlar as batidas forte de seu coração, respirando com dificuldade, ate que a escuridão total veio e ela não viu mais nada. Horas se passaram, desde o momento em que ela caiu naquela profunda escuridão, ate que naquele momento July começou a voltar a si, soltou um grito de horror ao deparar com um par de olhos incrivelmente negros que estavam encarando-a com toda sua plenitude. Deus ajude-me!Tudo isso poderia passar apenas de um terrível pesadelo do qual eu irei acordar. Ela pediu em pensamentos. Seu maior desejo agora era estar juntos dos pais onde quer que eles estivessem, mas estariam juntos, protegida. Ansiava pelo toque de carinho da mãe em seu rosto quando todas as noites ela ia a seu quarto desejar-lhe boa noite, o beijo carinhoso de seu pai... Ha, como seria maravilhoso se pudesse voltar atrás antes de partirem naquela aventura. Num salto ela se levantou armando-se com o pedaço de madeira para se defender do índio que a encarava com a cara pintada com riscos de vermelho e preto. O índio tinha pernas longas e musculosas e estava vestido apenas de uma tanga e perneiras feita de pele de alce, nos pés um par de mocassim de cano longo todo enfeitado de contas vermelhas e pretas, seus olhos capturavam os mínimos detalhes do índio a sua frente. Carregava preso ás costas uma aljava cheia de flechas feitas com muito cuidado, e perfeição, o arco se encontrava na mão direita, era um arco especial, diferente dos que já tinha visto antes. Seu corpo era todo pintado de riscas pretas e vermelhas, um corpo musculoso sem um pingo de gordura se quer, no braço direito havia um bracelete feito de couro com a figura de um lobo negro pintado a mão, símbolo que serviria como marca registrada do índio? Ela se perguntou admirada. Trazia preso no pescoço escultural, um colar confeccionado de contas na cor preta e vermelha, conchas coloridas e uma enorme garra de urso presa por tiras de couro davam o retoque final. A cor de sua pele era de um bronzeado muito parecido com o cobre. Os cabelos se encontravam preso em duas longas tranças bem feitas, que atingiam até o meio da sua cintura forte e escultural, uma faixa feita de pele do couro do lobo vermelho rodeava-lhe a cabeça e prendia uma cabeça curtida do Lobo Negro. Algo que só reparara na cabeça dele, seria o símbolo de que ele era o chefe daqueles índios que ali se encontravam? O rosto tinha três riscos de cada lado, alternados de preto e vermelho, outra marca registrada do índio o nariz aquilino, um rosto que parecia ser esculpido no cobre puro, maças salientes, o queixo bem modelado, e a boca era bem feita. Os olhos muito negros pareciam devorá-la, um forte magnetismo fluía-se deles.
July parecia hipnotizada por eles, se encontrava totalmente paralisada, não conseguia mover-se no intuito de fugir e tentar escapar. O tempo estava se passando, parecia até que seus olhares se congelaram, nenhuns dos dois conseguiam desviar o olhar. Segundos se passaram e se transformaram em minutos intermináveis enquanto o medo ia cada vez aumentando em seu peito e começou a subir ameaçando sufocá-la. July deu um passo para trás, sempre com o olhar sobre o selvagem, num ataque mortal ela desferiu-lhe um golpe letal, sentiu ter acertado em cheio o braço esquerdo do índio. Viu um jato de sangue jorrar-se, e escorrer pelo corpo do selvagem, quando ele o levara de encontro ao peito musculoso num gesto de aplacar a dor. July soltou um suspiro de surpresa na hora que o índio como um tigre saltou encima dela e jogou-a no chão duro cheio de pedras. Ela sentiu um gosto de sangue na boca, e uma dor profunda nas costas ao cair com o índio por cima dela, ele se encontrava com as pernas uma de cada lado de seu corpo prensado no chão duro e frio. July soltou um grito quando ele prendeu lhe os pulsos com mãos de aço, e forçaram-lhe a encará-lo. Seus olhos eram frios e parecia estar muito mais muito zangado. Ela tentou soltar-se, mas sentiu-se impossivelmente incapaz de fazê-lo. O rosto sombrio curvou-se para o seu mais e mais, até apenas a respiração morna dos dois ficar entre ambas as bocas. July sentiu-se derreter-se diante daqueles olhos negros e perscrutadores.
De repente, ela começou a lutar desesperadamente tentando escapar do ataque do índio, e sai de debaixo de seu corpo, porém ele era mil vezes maior e mais forte, jamais conseguiria escapar daquele maldito selvagem. Parou de lutar como uma criatura frágil e cansada presa a uma armadilha mortal. Seu captor parecia estar se divertido com ela, pois um leve meio sorriso em sua boca deixou transparecer as bordas de dentes incrivelmente brancos, e perfeitos. Um sorriso encantador, ela pensou.
— Não! Não! — gritou com todas suas forças que lhe restavam ainda. Cerrou os punhos e, com uma força de que não se supunha capaz, pôs-se a golpeá-lo na tentativa de readquirir a liberdade.
Seus golpes acertaram o rosto pintado e ela viu a expressão feroz nos olhos negros do índio. O braço do selvagem continuava sangrando e ela teve a idéia de deferir um golpe naquele ferimento. Foi ai que ele a soltou com um urro de dor ele caiu para trás... Ela levantou-se depressa e começou a correr para as margens do rio. Ele pareceu surpreso com sua resistência e percebeu sua intenção de entrar no rio. Ele gritou em um inglês muito ruim. — Perigo! Rio, perigo! July continuou entrando devagar no rio que tinha as correntezas mais fortes do outro lado das margens, ela havia entendido a língua do selvagem, apesar de não se importar, pois de qualquer forma ela estava sem muita escolha mesmo naquele momento. Porem num minuto em que ela se distraiu. O índio deu um salto ate onde ela estava e a agarrou novamente, e levantando-a nos braços levou-a para fora do rio.O sangue começou a fluir novamente do corte em sua testa e começou a pingar no corpo do índio misturando-se com o dele que corria de seu braço machucado.Algo mágico aconteceu naquele momento,ela pode sentir no mais íntimo do seu ser.
Sentiu uma enorme satisfação de estar novamente presa por aqueles braços forte. Porem, medo continuava a ameaçá-la, e ela começou a sair daquele estado de magia e queria reagir novamente, sabia que não poderia de jeito nenhum escapar do índio. Ele era forte, muito bem treinado para capturar suas presas, isso era um ponto a mais a favor dele, ela era uma criaturinha frágil, com apenas dezessete anos de idade, acabara de completar duas semanas atrás. Jamais se sentia capaz de escapar, mas iria lutar ate o último dia de sua vida.
O guerreiro a prendia com força entre seus braços, ela lutava para escapar, mas não conseguia, enfim, ele a colocou frente a frente com ele, novamente, o olhar dele parecia despir-lhe a alma, e ela piscaram diversas vezes para diminuir aquela atração que começava a fluir em seu peito. Será que ele estava sentindo o mesmo que ela? A magia passou subitamente, seu olhar se desviou por um momento, e ela o viu virar a cabeça para o lado para o lugar onde logo apareceram os outros membros do grupo, eram mais três guerreiros que tinham cada um sua personalidade e forma de se vestir e pitar os corpos. Aproximaram-se sem fazer o mínimo ruído e logo a encararam com um olhar de admiração. Ela viu-se rodeada por índios que pareciam encantados com a presa que seu amigo tinha entre os braços.
Seu captor, por um momento abriu os braços e deixou que ela se soltasse. Mas ela parecia que se sentia amparada, protegida por ele. Olhou-o nos olhos como um pedido de ajuda, será que os outros seriam piores do que ele?Ele permanecia imóvel, olhando para ela com um ar de superioridade, Seu olhar era intenso e penetrante, e isso doía-lhe ate no mais intimo de seus ser.
Ela não sabia se corria ou se continuava onde estava de repente um dos guerreiros que havia chegado naquele momento, deu um pulo e agarrou-lhe o pulso com força e com um sinal pediu para que o outro índio amarrasse as mãos dela para trás com um pedaço de corda. Não davam a impressão de querer matá-la, mas tinha certeza que daquele dia em diante sua vida estava por um fio, e isso a amedrontava cada vez mais. July odiou o primeiro selvagem que a tinha apanhado, ele permanecia imóvel sem ao menos ajudá-la. Continuava a olhar para ela com uma impressão indecifrável no olhar Ela tentou se soltar, mas o índio a segurava com muita força, e ouviu um tipo de implicação parecendo um rosnado apenas. Continuava em pé e ereta, porém não conseguia mover os braços por mais que tentasse.
— Posso ficar com ela Lobo negro?— pediu um guerreiro em voz baixa.
July sentiu um forte arrepio percorrer-lhe o copo quando as mãos do índio percorreram-lhe o corpo, sentiu dedos fortes apertarem-lhe a cintura delgada.
— Não. Eu a encontrei, primeiro, e por isso caibo a mim como chefe, decidi- lhe seu destino. Ela mostrou coragem e espírito forte como jamais vi em outra mulher. Ela Terá a chance de merecer ou não viver com o povo Lakota.
A linguagem usada por eles era meio difícil de compreender, porem deu para ela entender que discutiam seu futuro.
— Mas você já tem a sua prometida, não foi o Grande feiticeiro mesmo que lhe disse que a sua vira há seu tempo? —replicou o guerreiro.
— Reflita bem, Lobo Negro. Eu preciso de uma esposa para semear minhas sementes, logo se sabe que devemos aumentar o nosso povo que estão cada vez mais reduzidos por causa das doenças trazidas pelos olhos brancos. Esta mulher pode me dar muitos filhos, vi como ela e forte e lutou ate o fim contra a sua captura. Esta filha pálida da lua tem força e vigor para continuar meu espécime.
Lobo Negro manteve-se firme. Ao falar, sua voz, rouca e baixa, não escondia a angústia, pois tinha certeza que aquela mulher era a sua prometida vista na visão do feiticeiro, e jamais iria conceder a outro aquela mulher, que em seu coração seria a sua única esposa e mãe de seus muitos filhos. — É verdade. Alce Ligeiro, você disseste bem. Mas essa daí será conduzida ate nossa aldeia para que seja ouvida pelo povo. Ela servirá para ajudas as mulheres em seus trabalhos diários, com a colheita de frutos silvestres raízes. Também ajudará a cuidar das crianças pequenas, entregarei a Ursa Maior,para que ela fique em sua tenda como sua escrava,minha mãe será para ela sua senhora e dona ate o dia que ela decidir libertá-la.
Os outros índios o fitaram e concordaram com gestos de cabeça. Porem Alce Ligeiro ficou muito ofendido com a decisão de Lobo Negro.
Tomando a corda nas mãos que Alce Ligeiro tinha amarrado July Lobo Negro deu um sinal para que começasse a nova caminhada de volta a aldeia. July começou a ser arrastada por ele, e por pouco não caiu ao tropeçar em uma pedra no meio do caminho. Os raios fracos do sol, filtrados por entre a copa das árvores, refletiam na pele das costas e parecia o acariciar-lhe como uma amante, realmente aquele era o mais belo de todos os homens que ela tinha visto em toda sua vida. Os olhos negros voltaram-se para olhá-la, e parecia penetravam-lhe a alma. Tocando seu rosto com as pontas dos dedos, Lobo Negro perguntou-lhe: —Estas cansadas, Filha Pálida da Lua?
July se retraiu diante do toque suave e carinhoso dos dedos dele e respondeu com muita fúria no olhar. —Meu nome é July Hunter,e não Filha Pálida da Lua,seu selvagem cretino! Pele vermelha! Ele soltou um rosnado, feroz e com violência a puxou pela corda, a fazendo cair de joelhos no chão duro. Ouviu murmúrios amedrontadores acompanhados por gestos de cabeça. Observou as figuras ameaçadoras Dos outros índios, que pararam para esperar o desenrolar daquela cena. Dominada por uma apreensão mais angustiante do que aquela sentida quando considerava a morte uma coisa certa. As lembranças das historias sobre mulheres capturadas por selvagens vieram- lhe a mente. Ele ajoelhou-se ao seu redor e resmungou algo que se parecia para que ela lhe obedecesse para não acontecer-lhe o pior. Perplexa, ouviu o argumento raivoso de Lobo Negro, e se pôs de pé novamente. E todos se voltaram à caminhada na trilha no meio da selva. Palavras excitadas soaram entre ele e os outros selvagens. Alce Ligeiro estudou-a com olhar perscrutador, e pode ver no seu olhar toda raiva contida neles por Lobo Negro, sorriu, isso era um ponto ao se favor, pensou, e deu de ombros Segundo Capítulo
O grupo seguiu em frente, sempre que July olhava para trás, percebia que um dos índios estava com um galho de palmeiras na mão desfazendo-se dos vestígios de rastros deixados por eles. Isso era um ritual feito por todos os selvagens, que ela tinha ouvido falar nas historias contada pelo pai. Quando Eles chegaram numa ribanceira, cheia de pequenas montanhas cobertas de neve, uma chuva fria e fina começou a cair, molhando de mansinho os cabelos loiros de July. O chefe Lobo Negro fez sinal para que parassem por um momento a fim de descansarem e comerem alguma coisa.
Havia próxima a um riachinho uma quantidade de grandes árvores frondosas, suas copas serviriam de abrigo por algumas horas. Abaixado perto de um tronco caído, Veado Veloz procurava desfazer a sua mochila de onde tirara uma sacola cheia de comida, e alguma coisa foi tirada de outra sacolinha,parecia sementes e algo parecido com raízes moídas. Que entregou a Rato Molhado para fazer o curativo no braço machucado de Lobo Negro. July foi puxado com força pela corda, ate ela se sentar ao lado de Lobo Negro numa pedra enorme. O ferimento tinha parado de sangrar, mas pela cara que ele estava fazendo e pelo modo em que sua mão apertava o braço naquele momento, devia estar doendo bastante. Rato Molhado com mãos hábeis iniciou o curativo limpando-o com bastante água limpa, e em seguida passou um tipo de óleo vermelho, que trazia em um pequeno vidro, parecia ter pratica no que fazia. Apos o ferimento ser limpo, foi colocado em uma tira larga de couro de gamo, um punhado das ervas amassada e molhada com um pouco do mesmo óleo. E em envolvendo em seguida a ferida do braço de Lobo Negro, com essa mistura e passaram diversas tiras limpas de couro de veado, amarrado com uma técnica típica dos índios. A mente de July começou a funcionar melhor, pode perceber os selvagens falarem entre si, e pareciam estar falando sobre ela de novo, seus pulsos doíam amarrados às costas. Alce Ligeiro tinha passado outro pedaço de corda, feito de tiras de couro de veado, trançado a volta de seu pescoço esguio e isso a estava sufocando. Meneou o corpo, neste momento, dois pares de olhos negros pousaram-se sobre ela. Parou até de respirar naquele momento, um desejo enorme de esvanecer dali, tomou conta de todo seu ser. July observou o rosto de Lobo Negro e encarou-o. Os olhos escuros brilhavam na face pintada. Ela estremeceu. Algo em seu olhar fazia-lhe o sangue ferver nas veias provocando um punhado de pensamentos tumultuado.
Seus sentidos foram provocados de uma maneira tão maravilhosa, ao sentir a energia e virilidade masculina emanada do corpo dele, tão potente, tão grande que era capaz de fazê-la sentir-se atraída por ele. Sentia flutuar sob a luz daquele olhar devastador, como uma borboleta, pronta para abrir as asas e voar céu aberto ou cair num penhasco, pelo precipício infinito como uma folha seca levada pelo vento forte.
Veado Veloz tinha acabado de preparar a carne seca e defumada de alce, e um punhado de frutas secas, junto com uma espécie de grãos triturados. Parecia um banquete aos olhos de July, que se encontravam famintos. A chuva fina havia parado de cair, e um brilho muito tímido dos raios do sol já bem alto indicava que logo a noite cairia sobre eles. July pode perceber a chegada de mais seis guerreiro que saudosos juntaram-se ao grupo, traziam nas costas alguns utensílios, muito familiar, ela pode notar varias coisas sendo depositadas no chão junto dos demais guerreiros. Eram alguns dos destroços da embarcação que naufragaram com seus pais, será que houve mais sobreviventes daquela tragédia?Ou seria apenas ela que teria tido a ma sorte de estar ali capturada pelos malditos selvagens?
— Lobo Negro, nós encontramos esses pertences dos olhos branco, jogados ao longo do rio. — Um dos guerreiros murmurou.
Ele ergueu-lhe o olhar de expressão de boas vindas no rosto pitado.
— Pena Branca, meu amigo, meu irmão, sejam bem vindos! Junte-se a nós para comermos. — murmurou Lobo Negro com um sorriso.
July sentiu um leve tremor passar pelo corpo ao visualizar aquele sorriso tão encantador no rosto do seu captor. Sentada junto ao tronco de uma arvore agora, ela foi servida por um punhado da comida preparada pelo caçador em um pedaço de cuia. Ele soltou as cordas de seus pulsos para que pudesse comer. De repente, ela deu um pontapé nas mãos do caçador, fazendo a cuia voar longe das mãos dele. Porem ele inclinou-se e puxou a corda à volta de seu pescoço com força e soltou um rosnado selvagem e deu uma bofetada em seu rosto branco, onde logo as marcas vermelhas dos dedos do selvagem foram aparecendo pouco apouco.
—Ficará sem comida!—rosnou em sua língua nativa.
Asa Branca o jovem guerreiro caçador tornou a amarrar-lhe os pulsos com a corda cujas fibras ásperas esfolaram a pele de July. Ela conseguiu sentir a raiva crescendo dentro de seu peito, pela ferocidade com que foi amarrada de novo. Cautelosa, relanceou o olhar Lobo Negro que comia com grande satisfação tiras de carne seca e defumada. Todos os outros índios também comiam calados. Logo se ouviu a voz rouca e forte de Lobo Negro,quando ele se aproximou dela e ajoelhando-se junto a ele a disse: — Terá que me prometer que não fará de novo. —fez o gesto com o pé, como estivesse dando um pontapé no ar. — Poderei não estar por perto da próxima vez. — Ora vá pro inferno seu selvagem asqueroso. Lobo Negro deu as costas e fez sinal com as mãos ao grupo, ajuntarem os mantos de peles e mochilas e as armas para seguirem em frente para procurar abrigo para passar aquela noite que não demoraria a chegar. Com os mantos de pele e carregando mochilas e armas, o grupo arrumava-se para a partida, mais uma vez, na frente Urso Valente puxava a fila com enorme satisfação.
Lobo Negro pegou suas tralhas, e aproximou-se de July pegou a corda que estava presa em uma arvore, e puxou-a de leve para que ela se levantasse e o seguisse na caminhada — O que pensa em fazer comigo? Pretendem-se me resguardar, ou vais me matar assim que chegarem a sua aldeia?— perguntou ela na língua nativa dele em Lakota. . Lobo Negro ficara impressionado ao ouvi-la se expressar na língua indígena dele.
— Seu destino não esta em minhas mãos, mas do povo a quem eu sou chefe e protetor. Mesmo se pudesse, eu não o faria.
— Ora, não servirei para nada, seu povo não me aceitarão você vai ver. Liberte-me agora, eu lhe suplico — disse ela com voz baixa.
Lobo Negro acres¬centou também num sussurro:
— Vamos. Você será de muita ajuda para as mulheres casadas da tribo, o povo decidira o que fazer com você. Por enquanto, você está sendo resguardada. Quando chegar a hora, seu destino se cumprira.
— Mas como posso ser útil?O que farão comigo? —July perguntou com medo de destino que lhe aguardava. — Acompanhe meus passos. Pise onde eu pisar vá aonde eu for nada de mal lhe acontecerá enquanto estiver comigo e se você me obedecer.
Lobo Negro parecia serio agora, pensativo e seguindo calado, com a aljava das flechas no ombro esquerdo, a machadinha presa na cintura forte, o arco numa das mãos e a corda de July na outra, juntaram-se a seus companheiros.
Andaram por longas horas, e já ia se escurecendo quando o grupo parou diante de uma enorme caverna de pedras, cenário deslumbrante, parecia que ali era um dos lugares entre muitos dos quais eles tinham como abrigo quando saiam para caçarem. Lobo Negro fez sinal para que ela parasse, e esperaram que um dos guerreiros acendesse a fogueira que já se encontrava preparada para a chegada deles. As labaredas eram baixas, mas espalhavam calor e a lenha seca quase não lançava fumaça. O resto do grupo esperou até a luz do fogo alastrasse uma claridade maior pela caverna para entrarem também.
A caverna não estava expondo perigo algum e se encontrava sem mudança alguma, não encontrava perigo naquele momento. Embrenharam-se na gruta, e logo todos tomaram seus devidos lugares e a fazeres. Lobo Negro livrando-se das suas armas, colocando-as num canto da caverna, desenrolou o monte de peles que um dos guerreiros havia lhe entregado, forrou uma das peles no chão para que ela se sentasse. Em seguida, aproximou-se de July e com um olhar meigo a observou com atenção, ele fez sinal com a cabeça para que ela se sentasse.
— Graças a Deus! Estou com muita sede. — July exclamou, exausta, encostou-se na parede da caverna e deixou o corpo descer de vagar até o chão e se sentar na manta, estava com garganta seca. — Por favor, pode me dar um pouco de água? —pediu ela ao seu captor.
Ele assentiu com a cabeça, e entregou uma espécie de cabaça curtida cheia de água potável boa para beber. Ela bebeu o liquido de vagar em goles pequenos, pois sua garganta esta seca, depois de saciar a sede, entregou o vasilhame a Lobo Negro, que também bebeu grandes goles. Ela ficou maravilhada com o subir e descer do pombo de adão na garganta dele ao engolir a água refrescante. O barulho de uma queda de água caindo no chão, a fez perceber que a chuva começava a cair novamente, só que agora com maior força, relâmpagos clareava o fundo da caverna e grandes trovões eram ensurdecedores. Ela tremeu de medo, porem sentia protegida pela caverna. A saia ensopada a fazia tremer de frio, e logo Lobo Negro percebeu e deu-lhe um enorme manto feito de pele do lobo vermelho. Suas mãos se tocaram nesse momento, confusa com a reação produzida pelo contato das mãos dele, sentiu o sangue subir-lhe no rosto. Corou de imediato. Sentiu Incapaz de afastar o olhar permaneceu a fitá-lo. Mordendo de leve os lábios, sentiu que cada parte de seu corpo, absorvia um pouco da vitalidade que emanava do corpo musculoso dele.
Sem falta de pressa, ele aproximou o rosto do seu, em silêncio, Lobo Negro tirou a corda do pescoço de July e lhe desamarrou os pulsos. Ao, ser tocada, pelas mãos dele, ela sentiu uma corrente eletrizante passar pelo seu corpo.
E uma onda transitória de calor pelo corpo, quando os olhos negros dele prenderam os seu num reconhecimento prolongado da atração que estava acontecendo entre ambos. —Se você afirmar que não vai tentar escapar poderei deixá-la desamarrada. —ele pediu num sussurro. — prometa-me. Um pedido mudo de, por favor, estava escrito na expressão de Lobo Negro. O olhar dele era perturbador, porém ela abominava aquilo tudo que estava acontecendo com ela, detestava o céu cinzento, a chuva, a lama e as árvores gotejantes. Mas acima de qualquer coisa tudo, odiava o homem a sua frente, seu captor e seu semblante ameaçador, as feições definidas, os olhos negros com expressão incompreensível. Mas decidiu permanecer em silencio absoluto, e o fazer provar um pouco do seu próprio veneno.
Iria fazer a vida daquele homem um verdadeiro inferno, ate ele decidir solta-la. Impossibilitada de proporcionar tal garantia, July cultivou-se em silêncio. Injuriada com a imagem de ser prisioneira desse índio tão sedutor, preferia morrer a submeter às vontades desse selvagem. Como poderia escapar amarrada daquele jeito?E se conseguisse para onde iria?E os perigos da floresta?Como iria sobreviver sozinha?Com frustração suspirou.
— Sua pequena idiota. Por ser ainda tão jovem ainda, você mira a morte com tanta aflição? Talvez fosse melhor eu satisfazer seus desejos. Porem as mulheres mais velhas da tribo a ensinarão a ser submissa ou então resolva lhe entregar aos braços da morte como você tem desejado. —disse numa voz profunda, inclinou a seu lado e tornou a amarrar-lhe os pulsos às costas, e os tornozelos também. — Você ficara assim sem comer e sem beber água, ate seu espírito inquebrantável dobrar-se diante do que eu lhe propus. — ele avisou. Com um movimento rápido ele se desfez se das pesadas anáguas dela, e dos sapatos, encharcados, e jogou um grande manto de pele de lobo vermelho ao redor de seus ombros. Ela soltou um grito de protesto.
Ele tomou seu rosto em ambas às mãos, e minuciosamente examinou o rosto lívido, imundo de lama e sangue. Os olhos dela era de um azul profundo, com sobrancelhas bem feitas, o nariz pequeno e levemente arrebitado, a boca linda bem desenhada possuía lábios carnudos e rosados, passou uma das mãos pelos seus cabelos longos e emaranhados, cheios de pequenos gravetos seco. Mas a expressão de desafio, dela continuava lá nas profundezas do azul de seu olhar. Ele pode constatar.
Com expressão indecifrável e a veia pulsando no pescoço forte, Lobo Negro deixou os braços caírem ao logo do corpo, e se afastou dela e juntando-se aos demais companheiros, fora retocar o curativo do braço machucado.
Ela seguiu-o com o olhar, e tentou encontrar uma posição mais confortável, para se acomodar. As cordas se encontravam muito arrochadas, e sentiu um nó na garganta ao observar de longe que eles comiam carne seca de veado e punhados de cereal moído adoçado com mel silvestre.
De repente ela viu o reflexo da luz bruxuleante da fogueira nos olhos escuros de Lobo Negro,quando de onde ele se encontrava,mirou-lhe com seu olhar indagador. Uma agonia sem limites a reprimiu. A fome e a sede estavam a dominando e era quase impossível tolerar. Mas iria conter-se, não podia fraquejar, não agora, seria forte, e que Deus a ajudasse a conseguir se mantivesse firme na sua decisão de enfrentar o índio.
A caverna se tornou mais quente e aconchegante na medida em que o fogo ia aumentando, sendo alimentado por pequenos gravetos secos por Alce Ligeiro. Seus olhos Estavam ficando cada vez mais pesados. Ouvia as vozes dos índios que conversavam em lakota,vozes que parecia vir de bem longe, por cima dos ombros olhou novamente para os índios sentados a moda indígenas, à volta da fogueira.
Com o peso do esgotamento físico ela apoiou a cabeça sobre os joelhos e logo caiu num sono profundo. Ao acordar de sobressalto, sentiu a dor dilacerar seus pulsos, as benditas cordas torturava-lhe e o cansaço aumentara mais ainda pela dor que atacara seu pescoço e os ombros. Lembrava se de sua cama macia, isso era tudo que ela mais desejava naquele momento, dormir e descansar bem.
Sentia-se esgotada, sem energia pra pensar, para maquinar uma fuga, precisava raciocinar e planejar uma maneira de fugir logo antes que chegasse à aldeia deles. Mas nessa noite, ansiava apenas entregar-se abandono rejuvenescedor do sono. Talvez alguns minutos, ou horas, ou apenas segundos seria o suficiente para esse merecido descanso. Horas passaram e ela continuava calmamente dormindo. Sacudida por alguém ela abriu os olhos assustada sentou-se no monte de pele, com os olhos sonolentos visualizou Lobo Negro agachado de frete para ela com uma vasilha nas mãos, trazia-lhe comida e água. — Aprecio sua coragem, e sua impetuosidade. Você é muito orgulhosa de si, esperei que por algum momento cedesse e pedisse para alimentá-la. Você em momento algum demonstrou que me pediria isso, ou fraquejou diante do seu castigo, concluo que apresenta disposição para fugir e, sem dúvida, tentará escapar na primeira chance. — ele falou com convicção. — Porém, quero que saiba que sou capaz de rastrear um acutipuru num tronco seco, se escapar a encontrarei onde quer que vá. Portanto trate de comer, senão, não sobreviverá à marcha até nossa aldeia, sem ter tomado algum alimento.
— Daí graças aos espíritos que revelaram ao xamã, feiticeiro, Orador Grande, o seu destino, muitas luas se passaram, após ter me revelado essa visão, até os dias de hoje, porém, se não fosse por isso, não teria a mínima importância para mim. Admiro sua relutância, mas a continuação de seu bem-estar depende de você aceitar minhas condições. Preciso que jure que em momento algum irá tentar fugir. — disse ele em tom carinhoso, quase terno.
A tensão tornou-se real quase palpável. July abriu a boca para responder, mas não conseguiu emitir nenhuma palavra. A cabeça e o corpo doíam terrivelmente, sentia todo o corpo dolorido, braços e pernas enrijecidos. Conjeturou lentamente, porem achou melhor ceder-se naquele momento, seria uma forma de ganhar a confiança de Lobo Negro, ate ter tempo de planejar a fuga. Ela balançou levemente a cabeça concordando.
Lobo Negro deixou escapar um leve murmúrio de contentamento e colocou a vasilha com a comida e água do lado, e começou a desfazer os nós, das cordas que prendia seus pulso e pés.
Ela friccionou diversas vezes o s pulsos e tornozelos para que a circulação viesse a voltar ao normal. Sentia a última gota de esperança começar a vir ao mundo diante dela. — Obrigada! —agradeceu na linguagem do nativo.
Ele entregou-lhe a vasilha com água, ela pegou-a e bebeu diversos goles, sentiu a sua força restaurar. Comeu algumas tiras da carne seca de alce, oferecida por ele, e comeu os grãos moídos com mel silvestre. Nunca em toda a sua vida havia saboreado refeição melhor. Ela estava esgotada, com frio, tinha os músculos todos doloridos, as mãos cheias de escoriações, os pés inchados. Mas o importante de tudo isso, era que estava viva e o índio a tinha livrado das cordas, agora seria de fato mais fácil para fugir. Apesar de a refeição ser bastante restringida, revitalizou as forças, pois as ervas com que eram preparadas tinham o poder de revigorar as forças havia lhe restaurado o ânimo da juventude e, o, vigor, natural. July se levantou de vagar e encostou-se no paredão de pedra da caverna, queria esticar as pernas, eu um passo para frente a fim de colocar os músculos em movimentos novamente, e chocou-se de encontro ao corpo forte de Lobo negro. Como um raio, ele cingiu a cintura fina dela para ajudá-la a recobrar o equilíbrio, July agora em sua sã consciência, pode sentir novamente, o vigor animal desse homem que estava lhe despertando emoções fortes. O índio a trouxe mais perto do peito musculoso, observando-a sob ângulos diferentes. O guerreiro abriu a mão e tocou-lhe os cabelos de leve como se fosse algo vivo. Apreensiva, com o coração a mil por horas ela tentou afastar-se dele. Olhou em volta a procura dos outros guerreiros, mas não os encontrou. Já tinham ido todos dormirem, em suas peles estendidas ao lado da fogueira. Ela recuou depressa. Com um ar de desprezo, o índio desviou a atenção para os outros guerreiros dormindo em volta da fogueira.
— Existe algo curioso em você, Filha Pálida da Lua. Seus cabelos refletem o brilho ofuscante do sol, seus olhos, prendem as cores do Céu Pai quando o dia está claro. A cor de sua pele está contida na brancura da neve sobre os picos das montanhas, no inverno, e a sua voz me excita, parece com o gorgolejar de uma ave canora. E será um prazer poder desvendar os mistérios contidos no mais intimo do seu ser. July manteve imóvel encostada na caverna, tinha consciência do olhar observador de Lobo Negro. Os olhos dele eram tão pretos que as pupilas quase não se distinguiam no centro. Ele a observou por um longo tempo. Depois, disse com calma:
—Venha Filha Pálida da Lua, está na hora de dormir, para levantarmos acampamento cedo, temos uma longa caminha para percorrermos amanhã.
Lobo Negro amontoou duas peles de lobos, no chão da caverna e deitou convidando-a a fazer o mesmo. Vendo-a hesitar, apontou para ela se deitar ao seu lado, para que ambos pudessem cobrir com o grande manto do lobo vermelho. Viu que não teria outra escolha, pois era melhor ficar perto do seu captor, do que dos outros guerreiros que a olhavam sempre com desprezo. De vagar ela foi escorregando ate o mote de peles e deitou de costas para o índio, que sem ela perceber deu um leve meio sorriso.
A luz da fogueira, as sombras instáveis desapareceram num sonho. Mais tarde, o calor espalhou-se pelo corpo e July teve a sensação de estar envolvida pelo conforto. Acordou com a primeira luminosidade do dia e olhou para o lado e viu Lobo Negro ao seu lado dormindo deitado a ,seu lado. Estavam cobertos pela manta de pele do lobo vermelho, era linda aquela manta, ela pensou...
Toda sua capacidade de se mexer desapareceu. July continuava imóvel, com medo até de respirar. Ao vê-lo ditado ainda dormindo um sono profundo, passou a admirar-lhe o semblante relaxado, aquele rosto era perfeito, parecia esculpido no mais fino cobre ,era o homem mais bonito que ela já tinha visto. Sentiu tocada a passar as mãos pelos logos cabelos lisos e negros como a noite, ele havia destrançado as duas tranças antes de se deitar.
July teve um sobressalto e arregalara os olhos,quando de repente ,ele se virou e pousou aqueles belos olhos negros no rosto vermelho dela. Com as pontas dos dedos tocaram de leve a sua face num gesto carinhoso, e passaram acariciar também os ombros. Sentiu um leve tremor nos dedos dele, sinal da sensação reprimida de homem que não tinha há muito tempo uma mulher em seus braços. Isso lhe provocou uma satisfação curiosa que a afetava intimamente.
— Não, por favor, não me toque— conseguiu murmurar enquanto prensava a mão no peito musculoso que ameaçava esmagá-la com todo seu vigor animal.
Sentia no corpo musculoso e varonil junto ao seu, a presente excitação através de seu membro rijo por debaixo da pequena tanga de couro de veado. As batidas fortes do coração dele na palma de sua mão prensada entre seus corpos, ela sentiu também o aroma selvagem, misturado ao cheiro de gordura de urso. Nunca tinha passado por experiência igual. Tão de perto que pudesse ouvir a respiração, sentir o aroma da virilidade e o pulsar do membro rijo. Ela não tinha certeza do que estava acontecendo. Dava-se conta apenas do conflito provocado em seu interior.
Estimulada pelo investida de seu captor, ela começou a protestar, afastou-se numa tentativa de se levantar. Antes de poder fazê-lo, Lobo Negro colocou-se de pé esplêndido na fortificação dos músculos primorosos. Com os lábios entreabertos num quase sorriso.
Ele a encarou afetuosamente dentro dos olhos azuis, e no tempo que falou foi numa voz bem baixa, quase imperceptível, mansamente:
—Na verdade o agitamento de meu sangue tem o porquê, há muitas luas não levo uma mulher para minha tenda para aquecer meu tapete de dormir, e tê-la tão perto fez de novo o sangue correr forte nas minhas veias, mas essa agitação terá de ser controlada. Terei consideração e aguardarei pelo que, por direito, me pertence. É insensato ser dono de uma mulher, e possuí-la antes de ser consentido.
Lobo Negro virou-lhe as costas e saiu à procura dos demais, do grupo. Ela ficou paralisada, ela ficou perdida em meios os seus pensamentos, nunca tinham acontecido com ela. Seria isso que as mulheres sentiam quando se casavam com seus maridos? Ela abaixou-se e começou a enrolar as peles que serviram de cama,quando Lobo Negro retornou ao seu lado,com uma impressão indecifrável no rosto a encarou dizendo: — O Céu Pai, esta claro, não chove mais. — ele estendeu-lhe a mão para que ela o seguisse para fora da gruta. Ele retirando um par de mocassins de couro de dentro da sua mochila, pediu que ela se sentasse para ele lhe colocar nos pés, pequeninos. — Vai ficar um pouco grande, mas será melhor para você andar. Mas podemos dar um jeito nisso. Lobo pegou um pedaço macio de pele de coelho, e dividiu em dois,depois colocou dentro de cada um dos mocassins. E entregou-os a ela. Depois de calçada com os mocassins, ela o seguiu para fora da caverna. Lobo Negro ofereceu-lhe morangos silvestres colhidos próximos de um riachozinho.Quando terminaram de comer, beberam água trazida por ele na cuia. Os resto dos guerreiros já se encontravam em posição de partida, apagaram a fogueira, e os rastos de dentro da caverna, e fora dela. Lobo Negro com grande habilidade começou a trançar seus cabelos, e passou a faixa de couro de lobo vermelho em volta da cabeça e o resto de sues enfeites. A pintura de seu rosto e corpo fora refeita, Pegou todo o resto de suas coisas e disse para ela serio:
— Sem fazer algazarra, me siga bem junto de mim. Ande só onde eu esmagar, para que não aconteça de uma serpente morde-lhe o calcanhar— advertiu ele.
O grupo seguiu a trilha, em silencio e com muita atenção eles embrenharam na mata fechada. Lobo Negro,virou-se a cabeça para traz,para ver se ela o seguia apenas uma vez, e viu que July atenciosamente, colocava os pés nas marcas deixadas pelos mocassins dele.Era um voto de confiança que ela estava dando a ele .,obedecendo sua orientação. Terceiro Capítulo
Sem saber que dia era aquele, e que horas seriam naquele exato momento, ela não tinha o menor conhecimento do andamento dos dias. Existir na natureza apenas era o que estava acontecendo com ela,E à ação de depositar um pé para diante do outro com precisão e equilibro para não pisar em algo, ou o simples fato de não tropeçar em alguma pedra e cair Já não agüentava mais ficar calada, num impulso interior explodiu:
— Quando será o final de tudo isso?— não obteve respostas. O sol já se ia alto, já era bem tarde, a floresta agitava levemente pelo vento. July sentia o corpo cansado, seus pés estavam a matando de tanta dor, dentro dos mocassins, sentia o inchaço nas pernas, pois pareciam estarem mais pesadas em todos os passos que ela dava. Erguendo os olhos para longe, pode ver um rodeado de montanhas com picos cobertos de neve, havia se afastado bastante das margens do rio, o céu mostrava-se majestoso em sua beleza natural. Uma série de árvores monstruosas descia das encostas das montanhas ate a trilha seguida por eles. Trilha essa que só pareciam ser visualizadas nas mentes dos guerreiros a sua frente.
Um mocho pipitou. De ouvidos vigilantes e com os ombros sobrecarregados, os índios pararam. A selva parecia esconder grandes perigos ocultos.
Lobo Negro fez um sinal silencioso para que parassem de andar. Por alongados momentos, ele esteve inerte, submerso aos sons provocados por tudo que se encontravam em volta da floresta densa. July viu os olhos de dele, explorar a floresta e observando as árvores ao longo das montanhas que se encontravam mais próximas. O soar de um piar de uma águia no céu fez todos olharem na sua direção no céu azul escuro, um dos índios rezingou alguma coisa para Lobo Negro, porém, seguro de si, ele, deu garantia para a fila dar continuidade a caminhada adiante. Quando o grupo parou para acampar novamente, já era quase noite de novo, agora não tinham mais a proteção e abrigo de uma caverna. Apenas um amontoado de pequenos arbustos quase rentes ao chão, quase não tinha vegetação elevadas. Aturdida, July continuou entorpecida, com um aperto no peito, sentiu um pouco de medo. A turma se foi acomodando logo prepararam uma enorme fogueira num clarão próximo a uma pequena nascente de onde minava água limpa pronta para beberem. Ela se sentou para retirar os mocassins dos pés doloridos. A dor dilacerava a alma, viu as enormes bolhas formadas entre seus dedos pequeninos. Massageou-lhe os pés de vagar, para que a circulação fosse revigorada devolveu-lhe a consciência de estar cada vez mais próximo do seu destino.
Pena Branca ofereceu-lhe ajuda para passar uma espécie de balsamo, nos pés cheios de bolhas, e envolve-los em tiras macias de couro de coelho. Ela deu um meio sorriso de agradecimento, e resolveu olhar na direção em que Lobo Negro. Encontrava afastado um pouco dali, inspecionando um punhado de flechas de sua aljava. Estremeceu quando sentiu um olhara vigilante sobre eles, notou que a sua boca se contraiu, e um leve movimento em seu maxilar indicava que ele não gastará nada da gentileza do amigo para com ela. Seria, ciúmes?Ela pensou? July arregalou os olhos e sentiu-se corar, diante da reação do seu captor. Tinha a expressão de um curumim consternada, que tinha sido pego fazendo alguma coisa proibida. Pensou Lobo Negro, sorrindo no seu intimo. Embora ele tentasse, não obteve controle sobre seus sentimentos,ele sabia que no fundo ela lhe pertencia,era dele e de mais ninguém. Fitando-a, de longe ele teve a certeza de que ela também era envolvida por aquela magia.
Após ter agradecido a ajuda de Pena Branca, ela virou-se dando as costas para Lobo Negro. Para deslumbramento dele, meneou a cabeça, sorriu. Só então percebeu. Que algo estava mesmo acontecendo entre eles.
Ignorando-o, olhou para o céu, que agora estava salpicado de estrelas brilhantes, e a Lua clara estava lá presente para concretizar aquele panorama de beleza incomparável. Pequenas nuvens fluíam diante da lua como se quisessem fazer-lhe caricias. Com grandes temores e ira reprimida, pelos captores que a distorciam cada dia mais da direção de onde ela se naufragara. Agora ela tinha pela frente uma sina árdua e além-mundo, do qual ela pertencia. A certeza da fuga era cada vez deixada para traz,a cada passo que dava,seguindo aquele bando de selvagens. Seguiram para o sul, e isso dificultaria de encontrá-la, caso os pais ainda estivessem com vida. Se arrumasse um jeito de fugir, ela fugiria sem pensar duas vezes. Talvez os pais ainda estivessem vivos e estavam tentando encontrá-la. Talvez se encontrassem algum rastro deixado por eles pudesse segui-la. Idéia alucinada, mas uma a que se segurar. Mais uma vez comeram, e se prepararam para dormirem. Lobo Negro pediu para dois guerreiros montar guardada, naquele momento, depois trocariam com mais outro dois os postos. Ela ditou com receio nas peles estendidas por ele, um pouco longe dos demais do grupo. Ela hesitou em deitar, com medo de ficar sozinha. Expunha firmeza em suas decisões, mesmo assim, deitara esgotada, mas sentia-se atemorizada com medo de dormir novamente, porém, medo de dormir sozinha, a céu aberto sem a proteção de Lobo Negro. Não conseguia fechar os olhos nem por um minuto. Até que de repente o sentiu agachar próximo a ela e dizer num som baixo e confortador e se acomodar a seu lado: — Sossegue seu espírito inquieto, e adormeça. Eu já estou aqui, nada de mal poderá lhe ocorrer.
Aquele homem tinha a mania de adivinhar os mais escondidos de seus pensamentos e anseios da alma. Ele devia ter entendido seu receio, pois, se deitou e a aconchegara entre seus braços protetores e de encontro ao corpo ardente. Com um leve tremor no corpo esguio, ela acomodou-se confortavelmente naqueles braços forte, e relaxou deixando-se abraçar por ele, logo caiu num sono profundo.
Nesse constante dormir e acordar, eles percorreram durante dias seguidos, a mata densa, interrompendo a caminhada apenas por ocasiões precisas a fim de comer, fazer as necessidades do corpo e descansar um pouco antes de retornarem alonga jornada. July não tinha mais a noção do tempo, estava totalmente perdida, naquele lugar mágico, revendo o dia converter em noite e noite, em dia, numa rotina constante.
Ela tinha a sensação de estar sendo vigiada a cada passo que dava, e isso a irritava muito, não se cansaria de mate-la sob sua guarda?Será que podia adivinhar também que ela não desistiria jamais de fugir?Mas ela sabia que Lobo Negro não confiava nela, mas sim, em si próprio, sabia que ele não a deixaria escapar com muita facilidade, se isso acontecesse a encontraria, isso ele deixou bem claro, apesar de não estar mais amarrada ela continuava se sentindo prisioneira daquele índio de olhos incrivelmente negros.
Sentia tratada como se fosse seu domínio, e nunca consentia que ela ficasse um minuto se quer longe de seu campo de visão a não ser quando ela era vigiada por outro guerreiro.
Seus pés estavam menos doloridos naquele momento, após ter recebido os cuidados de Asa Branca, que sempre cuidava dos ferimentos do grupo. O braço de Lobo Negro já havia melhorado bastante, e já não precisava mais receber os cuidados de Asa Branca.
Numa bela manhã, quando o grupo tinha acabado de levantar acampamento, um veado saboreava a água cristalina que botava de uma rocha num pequeno vale, foi avistado por eles. O animal ergueu a cabeça, com olhos assustados disparou numa fuga audaciosa, vale abaixo. Mas com a habilidade de um bom caçador, Lobo Negro armou-se do seu arco e disparou um a flecha no alvo certeiro, que foi logo lançado no chão encerrando-lhe a vida tão logo fora visto. —Como pode fazer isto com o pobre animal? —ela gritou com as mãos tampando-lhe os olhos.
—Quando nos índios, matamos animais é para ser utilizado na nossa alimentação, comemos toda a carne, e aproveitamos a pele do animal para fazermos nossas roupas e calçados. Quando arrancamos raízes, procuramos fazer pequenos buracos, em vês de deitarmos as arvores abaixo, agitamos as pinhas para que elas caiam. Para a confecção de nossas ocas utilizamos apenas madeiras mortas. Mas os olhos brancos sulcam a terra, arrancam as arvores para a construção de suas habitações. Quando os índios se servem de pedras, utilizam pedras pequeninas e redondas para fazer as suas fogueiras cozinhar os alimentos.
O espírito da mãe Terra odeia todos os olhos brancos. —Lobo Negro ponderou com uma fúria reprimida em suas palavras. Ela ficou maravilhada com tudo que ele disse, e pode entender melhor a vida que lês eram- os costumados a ter. Três dos guerreiros mais habilidoso em esfolara os animais da caça, puseram a trabalhar com precisão, a fim de terminarem logo e partirem dali. Logo tudo foi preparado e armazenado com cuidado, e ela ficou maravilhada como tinham o cuidado de enterrarem os restos mortais do animal. Quando o sol já se encontrava alto no céu, pôs em marcha novamente, ela tinha visto Lobo Negro conversar com Águia Pintada, pode ouvir que faltava pouco para chegarem ao acampamento, na outra borda do rio onde tinham deixado escondida, duas canoas, no meio de umas moitas de arbustos. Depois de andarem sem parar por alguns momentos avistaram as margem do rio. Lobo Negro pediu a Alce Ligeiro e Águia Pintada para colocara às canoas no rio. Colocando todo o seu objeto na canoa Lobo Negro pegou July pela cintura fina, e a depositou dentro também. Ela sem reclamar sentou-se na proa. Ele e mais dois dos guerreiros entraram também, Lobo Negro tomou nas mãos um dos remos e sentado sob os joelhos começou dar vigorosas remadas. Ela ficou fascinada diante de tanta beleza naquele cenário, olhando as costas de Lobo Negro ela sentiu vigor, e a perfeição dos músculos que se retesavam a cada vez que ele erguia o remo e o colocava no rio.Os outros quatros na canoa atrás faziam o mesmo,e desceram rio abaixo com muita pressa de chegar em casa. Algumas horas se passaram, July havia adormecido encostada no monte de peles de Lobo Negro. Ao despertar daquele sono ela pode avistar uma grande aglomeração de tendas feitas de estacas e couro de animais curtidos.
—A te que enfim chegamos, o nosso povo se alegrará com a boa caça que ajuntamos, nessa expedição. — anunciou Lobo Negro. —Mitakue Oasin,aqui Somos Todos Irmãos.
Com o coração aos pulos July contemplava o agrupamento de índios, velhos, jovens, crianças pequenas, e ainda crianças sendo amamentadas no seio de suas mães jovens. Tudo isso era para recepcionar a expedição guerreira que acabava de chegar.
Aterrorizada July, permaneceu sentada, dentro da canoa, que tinha sido arrastada para fora do curso do rio, Lobo Negro a pegou outra vez pela cintura e a retirou depositando-a gentilmente em terra firme. Esse era o momento que ela mais temia chegar, tinha receio da reação dos outros membros da tribo. Toda angustia que carregava no seu coração, estava começando a ficar na flor de sua pele naquele exato momento. Ela havia convivido com a morte por semanas e sabia-se in¬capaz de continuar nessa situação. Intimidada, encostou-se no peito forte e protetor de Lobo Negro. Buscava por proteção, sentia frágil, e pequena, naquele instante conflitante que apontava o auge da aflição e sofrimento passado, que conseguira com grande sacrifício ser tolerado durante a viagem. O que viria a partir de agora pela frente?Ousou-se perguntar intimamente. Outra vez ela viu Lobo Negro retirar de sua mochila um pedaço de tira de couro curtido trançado, ela sentiu um nó na garganta quando ele passou pelos seus pulsos e a marrou com perfeição. Olho para o rosto dele que parecia não demonstrar nenhum tipo de compaixão. Sentiu ódio em seu coração, por ele estar tratando-a novamente domo sua prisioneira. —Venha, Filha Pálida da Lua, chegou a sua vez de enfrentar seus temores. — anunciou ele com uma ponta de divertimento na voz. — Por favor, me ajude!Estou com medo — falou num sussurro. — Não demonstre seu medo agora, seu destino dependerá de sua obediência, coragem e que seja forte, pois as mulheres precisarão muito de ajuda, logo chegarão a este mundo novas crianças lakotas,e você ajudará a cuidar delas.
—Saúdo o meu povo! —Lobo Negro ergueu a mão direito em sinal do cumprimento de chefe do povo. Todos o saudaram em sua língua materna, em gestos de respeito e honra pelo chefe ter retornado da expedição com vida. Aproximando do grupo que cumprimentavam os guerreiros, uma mulher ainda muito bonita, nem muito velha, aproximou acompanhada de um guerreiro, por sinal também não aparentava ter muitos anos. Abraçando-se a Lobo Negro,fora erguida por ele com seus braços fortes ,e rodopiou com ela no ar varias vezes, como se fosse uma pluma.
—Mãe, Aqui se encontra seu filho são e salvo! De volta para o povo Lakota. Ursa Maior!Minha mãe adorada, e Búfalo Bravo, seu companheiro—Lobo Negro a colocou no chão, e tocou a testa dela com a sua, em sinal de cumprimento usado entre eles.
O pai de Lobo Negro morrera a muitos anos devido um ataque de homens brancos ao acampamento Lakota. Onde a doença da varíola trazida por eles,acometeu o povo e levou muito do povo seu povo.E sua mãe Ursa Maior,ficara jovem com um filho para cuidar,e resolvera tomar Búfalo Bravo por seu novo esposo,por ser muito bom caçador e guerreiro,daria a ela e ao filho a proteção adequada ao futuro chefe do povo Lakota.
—O filho de Grande Urso, retornara com vida para os braços de sua mãe. Vejo que meus olhos agora podem contemplar a cara pitada de Lobo Negro, outra vez. E vejo que conseguiu capturar uma filha de olhos brancos! — Sim minha mãe, eu capturei essa Filha Pálida da Lua, e trouxe para ajudar as mulheres de nossa tribo, peço que a senhora a receba em sua tenda, sendo como sua prisioneira, e ajude-me a dobrar o espírito inquebrantável dessa daí. Arrastou com força, pelas cordas de couro, aquela que era considerada prisioneira.
— Ela apresenta o vigor, das mulheres de nossa tribo, é forte, e tem sangue queimante nas veias,precisa ser dominada,para saber obedecer o povo de pele vermelha,poderás decidir qual será seu destino,viver com nosso povo como um de nos,ou morrer como uma olhos brancos. — Terá que aprender nossos costumes e nossa cultura, aprender os deveres domésticos praticados pelas mulheres, para ganhar seu sustento. E qualquer um dos guerreiros que a merecer... Poderá tomá-la por esposa... — falou a mãe de Lobo Negro. July sentiu-se estremecer diante de tal circunstancia, estava sendo entregue aquela mulher como sua prisioneira, para que ela decidisse seu futuro?Entre seu modo posterior de vida e o novo existia uma distorção de cultura. Seu mundo inteiro converteu-se, em algo que sentia tão distante do alcance de suas mãos. Entretanto ela era dona de uma grande habilidade de adaptação. Já se sentia um pouco à vontade ao lado de Lobo Negro e, por isso, o buscava como abrigo. Definitivamente não iria demonstrar medo. Ursa Maior aproximou-se dela com uma expressão indecifrável no rosto bem bonito, porém, tinha os traços de ser bastante rigorosa com suas atitudes e decisões. Então, finalmente o final daquilo se aproximava, admitiu July ao experimentar um ligeiro empurrão nas costas, impulsionando-a para frente. Sentiu o seu medo aumentar. Embora a aflição passada desde sua captura fosse ainda maior. Porém agora tinha certa diferença, Lobo Negro que antes se mantinha seu protetor, contra os outros guer¬reiros e perigos da selva, cuidado de sua vida como se ela lhe interessasse. Agora a empurrava para a morte certa? Lembrando de como ele cuidara dela, tinha começado a apreciar as pequenas atenções com que era tratada. Erguendo a cabeça em sinal de que estaria pronta pra aceitar seu destino sendo ele o que fosse. Com passos firmes se aproximou da mulher que por decisão de Lobo Negro seria sua dona, como se ela fosse um animal de estimação. Mais um passo em frente, calada, ela parou diante de Ursa Maior, a mulher continuava olhando para July. Não precisava dizer nada, pois seu olhar já expressava o suficiente. —Quando um guerreiro captura uma, olhos brancos — Ursa Maior começou a falar-lhe. —E essa demonstrar que vale a pena conservar-lhe a vida, essa viverá, como uma do meio do povo, porem se não for digna de tal consideração e honra, seu destino é morrer, para que seu espírito possa encontrar com os de seus ancestrais. E tirar do meio do nosso povo suas doenças maléficas, que tem acometido os nossos. Esse é o nosso costume, para todos os que forem capturadas pelos nossos guerreiros. O conflito tornou-se visível. July abriu a boca para se defender, mas só conseguiu enunciar um som rouco e discordante. July sentiu quem o mundo parecia girar em sua volta. De repente tudo escureceu em sua volta ela desfaleceu cindo no chão duro, perdendo completamente os sentidos. Lobo negro com passadas longas chegara logo onde ela se encontrava caída, e passou o braço em volta do pescoço dela e a outra debaixo dos joelhos e a levantou carregando-a para tenda de Ursa Maior. As outras mulheres observaram a cena com grande interesse. Uma com um olhar de desconfiança e raiva. Um velho e empunhando na mão direita um tacape feito de osso, enfeitado com um guizo de cobra, era o que o distinguia dos outros índios, pois era o Pejuta wishasha,Xamã Orador Grande conhecido também por feiticeiro.O tacape servia-lhe de apoio,e era um apretecho que ele usava quando ia praticar alguma magia. A cada passo dado se achocalhava fazendo barulho, marcando sua presença. Já abatido, cujo rosto enrugado representava sinais de que já vivera muitos invernos, mas apesar de apresentar fraqueza física, ele evidenciava ser dono de grande sabedoria e era muito estimado na tribo pelo seu grande conhecimento e dom de curar os que se encontravam doente. Parou diante da tenda onde ela se encontrava, ergueu a pesada cortina de couro, e tocou no ombro de Lobo Negro que estava ajoelhado ao redor da esteira estendida no chão, onde July se encontrava deitada desacordada. Observou July com o olhar de preocupação, dando a impressão de que o estado dela era bastante comprometedor. O ancião, feiticeiro, Orador Grande, tentou fitar Lobo Negro, devagar ele virou a cabeça para que se olhassem melhor, e começou a falar: — Há uma grande áurea de energia emanando desta prisioneira. Considero isso como um sinal enviado pelo manitu. Reconhecemos que é quase impossível uma mulher fazer uma jornada em meio à selva com perigos eminentes embrenhados na mata, principalmente quando se é, uma olhos brancos, fraca. Essa daí, com certeza, sobreviverá, ela não se parece com as outras mulheres brancas capturadas antes. —Ele fez uma pausa e continuou. — Os espíritos ocultos tem me levado a divagar com eles pelos seus caminhos sombrios para ver os significados das suas revelações através das visões que o manitu tem me mostrados. Não sou digno de duvidar que, essa daí e a mulher da minha visão revelada pelo manitu. — As razões pela qual ela nos foi enviada os espíritos conhecem bem, e me fora revelado em segredo, que ainda não tenho permissão de revelar.Lobo Negro, de acordo com minha visão, ela veio ate você, e o destino do povo Lakota esta nas mãos dessa mulher. Por esse motivo, devemos provar a Filha Pálida da Lua, como é o costume do nosso povo, para saber se poupamos ou não a sua vida. —ele continuou falando: — Mas a verdadeira razão pela qual ela nos foi enviada, é essa: Ela é seu destino, o futuro do nosso povo. Cuide bem desse futuro, Lobo Negro, e que se cumpra como foi revelado na visão!
—Porém, o tempo e as atitudes, dá olhos brancos vai nos dizer se é ela a mulher da minha visão. Temos que aguardar pra ver. As palavras ditas pelo Xamã ficarão presas em seu coração para sempre. Pensou Lobo Negro. — Como Orador Grande diz, as passagens do manitu são incompreensíveis muitas das vezes. Já temos visto a morte levarem a muitos, porém ele pode interferir nos caminhos que levam a morte de alguém, e arrancar dos braços dela e permitir que viva novamente. —A decisão de ela viver esta nas mãos do manitu, e eu, imploro que a trouxesse ,dos braços da morte!— declarou com aflição. — Você pode demandar com o manitu, a vida dela, porém ele poderá pedir algo em troca. Lobo Negro, e você esta preparado para dar ao manitu o que ele pedir? — o feiticeiro perguntou com certa desconfiança.
O barulho da cortina de couro à entrada da tenda, sendo levantada, indicando que alguém estava entrando na tenda, fez com que se calassem. Era Ursa Maior trazendo uma cabaça cheia de água, para prepara os remédios para curar a Filha Pálida da Lua. —Temos que banhar o corpo, dá olhos brancos e tirar essa roupa imunda meu filho. —Temos que fazer, logo, pois está muito frio, para que ela não pegue um resfriado, começou a nevar de novo. —ele falou. —Coloque no caldeirão que esta com água no fogo,para ferver,casca de pinheiro,chorão,e um pouco de confrey selvagem.Isso servira para banhar-lhe o corpo ,para retirar as dores e cansaço,e dar para beber um pouco,para que recobre os sentidos. —falou o feiticeiro entregando a Lobo Negro os preparativos da infusão.
—Peguei um dos vestidos de Gazela Dourada,emprestado,ate eu poder fazer-lhe alguns. — disse Ursa Maior.
— Ela vai precisar de alguma coisa para comer quando acordar.Pedi a Gazela Dourada para trazer um pouco de ensopado de carne de búfalo que ela estava fazendo.— a mãe dele completou retirando da sacola o vestido,e um para de mocassins novos. Lobo Negro recuou para a abertura da tenda, interpretando as palavras de sua mãe,ela ja tinha resolvido tudo sozinha.Observou o olhar de Orador Grande com um sinal de preocupação. A Filha Pálida da Lua estava demorando a acordar, pensou, olhando a figurinha sobre a esteira coberta de peles onde sua mãe e o esposo dormiam.
O velho Xamã começou a fazer seu ritual de magia,jogando um pouco de tabaco no fogo,para que a fumaça levassem os maus espiritos ele começou a murmurar encantamentos ,jogou um punhado de frutos do cedro vermelho ,que se espalhava dentro e fora da tenda o seu cheiro.A fumaça subia ate o buraco sobre a tenda.Ele entoava uma cançao na lingua dos espiritos,enquanto espargia no ar algumas magicas. July no seu subconsciente sentiu que, algo como uma canção desconhecida e muito cheia de perspectiva atravessou seu mais intimo consciente. Era a voz de um homem, e cantava numa língua desconhecida para ela, porem envolvia-lhe a mente escurecida e parecia querer trazê-la de volta da escuridão que se encontrava,era reconfortante. Travou-se uma luta, e ela queria vencer abarreira da escuridão, e sentia que uma luz brilhava próxima a ela, sentia a quentura da luz, era reconfortante, sentiu as batidas do seu coração se aumentando a cada vez que o homem punha mais sentimento na musica, lembranças passadas povoaram-lhe a mente, lembrou dos pais, do naufrago,... Do seu captor, sim seu captor, onde ele estaria agora?E ela onde se encontrava?O medo começou a povoar seu coração, lutando para fugir da escuridão que a ameaçava a ficar presa para sempre, por fim, viu-se dependente da canção, encontrando alívio na música. O ritual continuou por alguns instantes ate que terminou,e falou: — Logo ela ira acordar,o branco dos olhos dessa dai,estarao,rosados novamente,como os de pele vermelha. Há sinais de que vai abrir os olhos a qualquer momento. — Obrigado, Orador Grande.Foi de grande valia a sua magia,aqui ,para ajudar a Filha Palida da Lua a voltar dos caminhos dos espiritos. — Lobo Negro agradeceu ao Xamã. Quando o feiticeiro deixou a tenda de Ursa Maior,ela e Lobo Negro fecharam a cortina da tenda e prós-se a despir por partes o corpo de July para ser banhado com a porçao preparada pelo feiticeiro.Ele nao pode conter um olhar admirado pela brancura da pele e pela beleza escultural de seu corpo.Ficara deslumbrado com tanta formosura,jamais tinha visto uma mulher tao bonita como aquela.Com um pedaço de pano ele começou a banhar o corpo dela e exugar com outro.Ao terminarem vestiram-lhe o vestido que Ursa Maior havia trazido .Colocaram pequeninos goles do preparado,boca abaixo dela.Lobo Negro esclamava aravras doces e carinhosaas ao sus ouvidos. Ele passou suavemente as pontas dos dedos em seu rosto,e alisou seus cabelos,era linda aquela olhos brancos,pensou com um leve sorriso.E era sua,sim era sua,pois ele a capturou e pela visao do feiticeiro ela seria a mulher que lhe daria muito filhos.Nao era assim que ele lhe falara da visao? Ha via se passados muitas horas e ele estava comendo um pouco da sopa de coelho trazida pelo marido de Gazela Dourada, Pé de Vento. —Você não ira descansar meu filho?Eu ficarei e velarei pelos olhos brancos ate ela acordar. —Ursa Maior tocou de leve o ombro do filho. — Não!Ficarei também aqui, minha mãe. Quero estar aqui quando ela acordar. —o decidido ele falou. Um grande líder tinha que ser assim, determinado, e saber tomar a decisão certa, nas horas certas. Ela pensou. —A senhora pode deitar, ficarei aqui velando o sono das duas. Quando ela acordar, prometo- lhe chamar. Onde Está Búfalo Bravo?Ele não virá dormir? —Ele foi dormir na sua tenda, hoje, meu filho. Já adormecida, no seu tapete de dormir, Ursa Maior, dormia um sono profundo. E Lobo Negro velava pelo sono das duas mulheres mais importantes de sua vida,pensou olhando para a esteira onde July estava deitada,sorrindo de mansinho,ele encostou num monte de peles que havia trazido da sua excursão ficou observando-a .
Muito tempo depois, com um esforço enorme, July começou a voltar do seu estado de inconsciência, bem devagarzinho foi entreabrindo os olhos. A princípio, fora difícil, acostumar com a claridade no interior do local onde se encontrava, sua visão estava nebulosa, e pouco apouco foi clareando. Encontrava sem forças para se mexer, lembranças do rio das águas ameaçadoras, do barco se partindo, e os pais?Oh!Deus como sentia a falta dos pais. Onde eles estariam agora, e ela?Onde estava? Erguendo o olhar, ela observou pedaços enormes de couro escorados por esteios elevados que se ligavam no cume por cima de onde permanecia deitada. Onde estaria? Sem pressa, girou a cabeça para o lado direito e deparou com o seu captor apoiado num amontoado de peles no canto da tenda, estava com os olhos fechados, mas de repente ao notar ela se mexendo, e ter ouvido o barulho leve do suspirar dela, mansamente abriu os olhos e firmou o olhar sobre ela,num impulso levantou e ficou de joelhos próximo a ela.Com as pontas dos dedos, tocou-lhe a testa ,testando se apresentara febre,e constatou que ela estava com temperatura normal ,pensou,era bom sinal.
Lobo Negro pegou a cuia com o remédio e começou a pingar leves goles na boca ressequida seca dela. Ela fez uma careta, ao sentir do gosto amargo da infusão, escorregar pela sua garganta abaixo, sentia muita sede. —Beba só mais um pouco.Você precisa para se recuperar. —ele pediu baixinho em seu ouvido. Imagens difusas passavam-lhe pela mente. Ouviu muito longe uma voz entoar cânticos na língua Lakota,sentiu que estava tão longe, ouvia vozes ao seu redor,sentiu alguém despir-lhe as roupas sujas e molhada.Uma mão carinhosa lhe banhando o corpo dolorido e abatido.Era Lobo Negro que estava dando algo para beber?Era ele que tinha alisado carinhosamente os seus cabelos?Seria ele também que a despira? Banhara seu corpo nu?Sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo, como ele pudera?Ela não estava em condições de se defender, nem de querer impor alguma coisa.
— Você não morrerá!Filha Pálida da Lua!Estava muito fraca,por causa da longa caminhada que fizemos.O manitu, já decidiu que você não morrerá, mas vivera com o povo Lakota.Por isso tem que lutar,para sobreviver. — disse ele com olhar preocupado.
—Onde estou? — ela perguntou em um sussurro. — Finalmente você retornou dos caminhos em que percorrem os espíritos!Você acordou Filha Pálida da Lua. Finalmente! —Lobo Negro com um sorriso terno falou emocionado. Ajudando ela a se encostar com cuidado na cabeceira da cama que ele improvisada para ela. — O que aconteceu comigo?E de quem é essa roupa que estou vestindo? — Perguntou ela com desconfiança. Quem será que lhe trocara a roupa durante o momento em que estava dormindo?Sentia-se envergonhada, sentiu o sangue subir e esquentar as faces sem cor. —A filha Pálida da Lua, perdeu os sentidos! Dormiu a volta inteira do sol pelo céu! Mas agora vejo a cor voltar a seu rosto pálido. — O sorriso de Lobo Negro, era terno e a mão, acariciador. Com uma das mãos ergueu o rosto dela e encarou-a nos olhos, tão azuis quanto o céu em dia ensolarado. —Você apagou, e eu a trouxe para Tenda de minha mãe. Eu e ela cuidamos de você, banhamos seu corpo, e colocamos o vestido de Gazela Dourada. Não fique envergonhada, seu vestido estava molhado, e sujo, tivemos que fazer isso para não se resfriar. Orador Grande, o feiticeiro da tribo, foi de grande ajuda, ele a trouxe dos caminhos da morte com sua magia! —Ele, completou emocionado. —Estou com muita fome, tem alguma coisa para eu comer, por favor? — Sim, Gazela Dourada lhe preparou uma sopa de carne de búfalo, vou ajudá-la há comer um pouco, fará você fortalecer. Tomando uma vasilha nas mãos, ele foi lhe dando colheradas na boca, do delicioso ensopado. Quando ela terminou de comer, ele lhe ofereceu uma cuia com um pouco de água para beber. — Agora quero que descanse!Filha Pálida da Lua, e não se preocupe, eu estarei aqui quando acordar!Não se preocupe com nada.
July com o coração carregado estremeceu. Lobo Negro seria gentil com ela quando ela ficar boa novamente?O manitu havia decidido que ela não iria morrer... Então ela iria lutar para aprender os costumes e deveres das mulheres Lakotas,porém,só para dar tempo de poder conseguir achar um jeito de escapar,e fugir dali para sempre. Virando para o lado da tenda ela adormeceu, e não viu o tempo passar. O sol Com seus raios dourados, começavam a se infiltrar pelas frestas da abertura no teto da tenda. Quando Lobo Negro despertara de onde se encontrava encostado, na pilha de peles novas que trouxera da excursão olhou para onde sua mãe estivera dormindo, e não a viu, já se levantara. Correu os olhos por onde July estava deitada,e percebeu que a mulher estava acordada olhando para ele com olhos arregalados,mas pronta para se levantar. — Está indo a algum lugar? —Lobo perguntou. Ela passou os olhos pela face dele e admirara os ossos proeminentes das maças do rosto comprido e o nariz curvo, nada passaram despercebidos. Nunca tinha visto olhos tão pretos, ela mal conseguira destacar a pupilas dilatadas, a boca com os lábios entreabertos, deixando transparecer as ornas brancas dos dentes, os cabelos compridos destrançados agora, e sem enfeites, caiam pretos e lisos ate a cintura forte. Tudo nele era maravilhoso, o peito liso sem pelos,e sem um pingo de gordura sobrando,estava nu, ele vestia apenas a tanga de couro de veado, seus olhos percorreram as pernas longas e musculosas, sentiu um forte arrepiar quando ele se aproximou dela. Sem esperar pela resposta, Lobo Negro ajoelhou-se a seu lado e tocou a sua face com as pontas dos dedos. — perguntou: — Você pode ficar em pé?Gostaria de sair, e ver a beleza do céu pai, como o sol esta resplandecente, hoje?
— Sim. Não estou machucada, apenas estive por alguma hora desacordada, e dormindo muito por causa do cansaço da longa caminhada. Ele a ajudou a se levantar e recomendou.
— Pode se apoiar, em mim. Não tenha medo, eu não machucar você.
Segurando July bem ereto de encontro a si, a fim de que ela não caísse. Ao sair da tenda apoiada por ele ,ela pode deslumbrar de tanta beleza ao contemplar o mundo lá fora que não parara,continuava a todo vapor.
Quarto capítulo
July passou os olhos por toda a extensão da aldeia, nunca vira algo como aquilo na sua vida antes, era um grande rodeado de tendas de couro curtido, todas as tendas eram feitas sob medidas, e proximas, uma atras da outra. Parecia por fora bem pequenas, porém vista do lado de dentro tinha espaço surpreendentemente grande. Era muito bem cuidadas e limpas,pelas mulheres.O acampamento era localizado numa colina a beira do grande rio com muita areia branca, rodeado pelas grandes arvores frondozas.No interior de todas as tendas tinham uma fogueira para manter aquecida e para clarear durante a noite,era la que a comida individual de cada morador era feita.Somente nos dias de festas comemorativas,era que eles usavam a grande tenda para conzinharem e servirem a comida para todos da aldeia.July pode ver que varais eram armados de uma tenda a outra, onde tiras de carne e peixes secavam ao sol ,o resultado da boa caçada da excurçao anterior. Lobo Negro lhe mostrara tudo e lhe apresentara todos os moradores do acampamento,ela pode conhecer todos pelo nome nativos dado a cada um,ele explicara o significado dos nomes de cada um a ela.Contara que aquele povo sempre migravam de um lugar para outro na medida em que o ano ia mudando de estaçao ,pois ele nao eram destruidor da terra mãe,sempre tinham que mudar para que ela tornasse a produzir seus frutos no ano seguinte. Ela viu uma quantidade de mulheres trabalhando com muita atençao e grande habilidades,ela passou a mão pelo vestido que estava usando,admirando a beleza encantadora,e pode notar que muitas estavam se dedicando a confecçao de roupas e agazalhos para os seus.Preparando peles,bordando as peças que já se encontravam prontas.As crianças brincavam saltitantes,os mais velhos se reuniram para conversar ao redor de uma fogeira acesa e bebericavam uma especie de bebida oferecida pelo feiticeiro. As mulheres da tribo eram todas morenas altas, de corpo bem formado, com cabelos escuros,trançados e outras com eles lisos e soltos pelas costas.Todas eram muito vaidosas com sua maneira de vestir e de se enfenitarem.
Em seguida após dar mais uma olhada nas mulheres, eles se afastaram uns passos. Apreciando o céu, o rio e a floresta, ela deu um suspiro, sentia saudades dos pais, do céu de sua terra natal, tudo ali parecia ser tão diferente de onde vivia com os pais. Andando juntos pela terra que se estendia a sua frente, acompanhou o movimento de seu captor que cumprimentava com a cabeça a todos que passavam por eles. Rumara-se para o rio abaixo onde o céu acima deles, era presenteado com as nuvens alvas, que eram empurradas pela brisa do sul, fazendo com que o céu azul ficassem mais passeava alegre. O rio se encontrava transbordantes pelo acumulo das águas onde antes eram gelo e que agora se derretiam sob a luz forte do sol que anunciava a chegada da primavera, onde flores começavam a aparecer pelas extensões da vasta relva que percorria todo território do acampamento. Os índios tinha feito uma espécie de ponte com um tronco de uma enorme arvore que havia caído com o vento forte de uma das grandes tempestades, para que pudessem atravessar o rio para o outro lado da floresta densa.
O acampamento estava calmo, apenas os barulhos do vento, dos pássaros cantando nos galhos das arvores, das águas que corriam forte rio abaixo, e dos índios em atividades do dia a dia, das crianças brincando era se ouvido naquela manha. — O que A filha Pálida da Lua achou do lugar onde Lobo Negro e seu povo habita?E o que achou do meu povo? — ele perguntou parando de frente para ela. — Aqui é tudo maravilhoso, as pessoas são tão atenciosas, as crianças são alegres e felizes com seus pais. Eu, porém, me sinto tão infeliz, meus pais não sabem se estão vivos ainda, se mês procuram ou já se esqueceram de mim. Você está no meio dos que gostam, tem sua mãe por perto. Quando permitirá que eu vá para o meu povo, procurar pelos meus pais? — A Filha Pálida da Lua, tem que aprender a ser feliz com meu povo agora, foi por causa do manitu que você escapou das águas do rio, ninguém pode escapar das cachoeiras naquela parte do rio, você teve sorte, seu destino é aqui com o povo Lakota. — ele declarou muito serio. — Não há possibilidade de meus pais ou qualquer, uma das outras pessoas, terem sobrevivido? — É muito raro isso acontecer. — Quer dizer então que estou completamente sozinha no mundo? —ela perguntou chocada. — Não Filha Pálida da Lua. Você tem meu povo, e a mim também, nada poderá acontecer de mal a você se ficar com meu povo. — Lobo Negro, obrigada, mas nunca vou desistir de encontrar meus pais. Gostaria que parasse de me chamar desse nome esquisito, já esta na hora de você aprender a me chamar pelo meu nome, July Hunter. — Aqui todos têm um nome, com algum significado, ele é dado quando se consegue alguma façanha, consegue alguma vitoria, quando se escapa da morte ainda jovem. E no momento em que a mãe da à luz a uma criança, em meios de algum sofrimento, vitoria. Ou ganhado por ter o espírito ligado com alguma coisa ou animal. Você, Filha Pálida da Lua, eu a chamo assim por ter a pele da cor da lua pálida no Céu Pai. — ele falou apontando o dedo para o céu azul. — Você não gostou do nome que Lobo Negro lhe deu? — perguntou ele com uma ruga entre os olhos? — Bem se você pensa dessa forma. Em quanto eu estiver por aqui pode me chamar por esse nome que me deu. Claro que achei meio estranho... Porém, já estou me acostumando a ser chamada assim por você. — ela disse em meio a um sorriso. De repente saiu do meio da mata carregando um arco e uma aljava cheia de flechas nas costas, um guerreiro muito parecido com Lobo negro, porem esse não usava tranças como ele, tinha os cabelos soltos ao vento e era menos musculoso e não era muito bonito, quanto a ele. — Irmão! Acabei de chegar da aldeia de nossos irmãos do outro lado das montanhas Negras, saúdo o grande chefe e líder de nosso povo Lobo Negro. — disse tocando o ombro de Lobo e abraçando-se com ele. Seus olhos pousaram sobre July, com uma expressão extremamente curiosa. — perguntou: — Quem é ela?Essa cara pálida? –apontando com o dedo em direção a ela, quis saber, Pé de Vento. — Ela escapou de um náufrago, foi encontrada e capturada por mim, na ultima excursão que participei. — Lobo respondeu passando o braço em volta dos ombros de July, num impulso de posse. — E o que você pretende fazer com ela?Vai tomá-la por segunda esposa, como todo chefe de tribo?
— Como toda mulher capturada, sendo uma, olhos brancos ou índia, seu destino esta nas mãos do manitu. E como nosso costume pede, desde nossos mais velhos antepassados, ela terá a chance de viver no meio do nosso povo, para aprender nossos costumes, nossa cultura, e língua. Esse é nosso modo de provar o valor de todas as mulheres capturadas por nós. Antes de decidir seu destino. Ela por enquanto esta conhecendo a aldeia pouco a pouco. Depois de ser provada terá tempo para escolhermos o que fazer da sua vida, e a quem pertencerá. — Lobo Negro, ela é problema certo, seria melhor você levá-la ate o comercio e trocá-la por armas ou mantimentos. —falou e Pé de Vento em tom de censura.
— Isso cabe eu decidir, e ela já foi revelada na visão do feiticeiro Orador Grande, ela merece viver no meio do povo Lakota como um de nós. O manitu concedeu a ela o direito de aprender os costumes do nosso povo. Ela é uma mulher de coragem admirável. Nós distinguimos quando se captura uma mulher branca, se ela é corajosa e forte, como as nossas mulheres Lakotas .Ela tem capacidade de dar a luz a guerreiros fortes,e podem alimentá-los com o leite de seus seios. — Compreendo que o irmão tem razão, mas com certeza ela vai lhe trazer complicações, pois acabo de vir da aldeia das Montanhas Negras, e o chefe Trovão Negro, declarou que logo se unirá o nosso povo para lhe entregar por esposa sua filha Pluma Falante. July sentiu um leve tremor passar pelo corpo de Lobo Negro. Será que ele iria se casar com a filha do chefe indígena de quem o guerreiro falara?Sentiu uma leve pontada de ciúmes.
Aborrecido por Pé de Vento dizer tudo aquilo na frente de July, ele falou: — Irmão, Pluma Falante não faz meu tipo, é muito liberal, e encoraja os homens. E eu já deixei claro isso a ela, pois ela que escolha outro guerreiro por marido. No momento não pretendo me unir a uma mulher. Estou muito ligado aos problemas que iremos enfrentar, por causa das guerras entre tribos. Meu povo precisa de mim, muito mais que uma mulher melosa. E também estou muito ocupado com as obrigações que são dirigidas a mim, como chefe da tribo. Cabe-me, dizer que Pluma Falante deve ser dada a outro guerreiro. Ela almeja meu coração, no entanto eu já a preveni que pretende tomar o guerreiro errado por esposo. Meu coração pertence ao povo, e eu nunca a cortejei. Eu não a amo.
Pé de Vento riu e bateu nas costas do amigo. —Não, irmão, não é isso, que me parece ser, que fará o irmão a não aceitar a filha de Trovão Negro. Vejo que o líder do povo Lakota arranjou sua verdadeira companheira, mas isso vai trazer grandes complicações, pois muitas moças da nossa tribo e das tribos amigas estão de olho no jovem Chefe Lakota. — Nunca dei esperanças a nenhuma mulher. —resmungou Lobo e puxou a mão de July para se afastarem dali. —Até irmão.
—Até irmão, mas depois não diga que não lhe avisei. — o guerreiro caçou. —Não quero causar nenhum problema para você Lobo. — ela disse para amenizar o clima de tensão entre eles. — E acho melhor que você me ajudasse a encontrar meus pais, penso que ainda estejam vivos. Por acaso você já ouviu falar nas minas do minerador chamado Cooler Fox?
—Mesmo se eu soubesse, jamais iria lhe falar. Você tem que esquecer os olhos brancos, seu povo agora são os Lakotas. —com os lábios cerrados e com uma expressão assustadora ele respondeu. Ela o odiou por suas palavras, como ele poderia querer aprisioná-la ali, sendo que seu mundo era bem diferente do dele. Sem dar importância, às palavras dela, Lobo Negro conduzira-a de volta a tenda de Ursa Maior. Ela se encontrava lá com o esposo, ajudando a prepara uma espécie de pão de milho com farinha de mandioca e um ensopado de carne de veado. Eles cumprimentaram-se com um aceno de cabeça. Lobo deu um beijo na testa da mãe e disse: — Mãe do meu coração, agora que fui nomeado o novo líder do nosso povo, tenho que me unir aos nossos irmãos que estão em período de guerra, precisarei muito dos conselhos do meu espírito guardião, O Grande Lobo Negro, pois um chefe deve saber liderar seu povo com grande sabedoria. Quero que cuide dessa daí, ate eu voltar, não deixe que encontre meios de fugir, ela tem espírito forte, não desistirá de tentar fugir, ao encontrar oportunidade. — Meu filho, Ursa Maior cuidará de sua mulher, ela estará pronta para ocupar o lugar a que pertence, quando você retornar do conselho. — Sim, minha mãe, por hora isso vai ter que esperar... Os chefes das cinco tribos que são nossos irmãos de sangue estarão reunidos no conselho, decidiremos o futuro das cinco tribos, fumaremos o cachimbo da paz. E uniremos contra os, Crow e contra os Apaches, e as tribos comanches. — Tome cuidado meu filho, você é jovem ainda e muito inexperiente em relação a isso tudo, vá com calma. — Me achas novo ainda mãe, já se esquecera que seu filho tem trinta e dois invernos?Sei o que estou fazendo, tenho tido vitorias nas outras guerras que tivemos não se perderam nenhum de nossos guerreiros. — Sua mãe tem razão, filho do poderoso chefe Grande Urso que caminha com os espíritos, tem que ter a esperteza e sabedoria para não cair em armadilhas. — Búfalo Bravo aconselhou batendo no ombro do enteado. — Sim! É muito sábio, Búfalo Bravo, escutarei seus conselhos. — ele aceitou o abraço do padrasto. —A Filha Pálida da Lua, ficará aos seus cuidados, mãe. Terá oportunidade de aprender nossos costumes, e lhe ensine nosso dialeto, quero que faça amizade com as mulheres jovens da tribo. Lobo Negro acariciou a face de July delicadamente, e continuou falando. — Quero que obedeça a minha mãe em tudo. As razoes pelas quais o manitu revelou ao feiticeiro, na visão que teve sobre você, descobrirá com o tempo, pois a vida jamais ajusta ao que nos queremos e esperamos para nos mesmos. No entanto, aprendemos a aceitar nosso destino, com o passar do tempo. Ele ajeita tudo. E você terá aceitado o que o manitu revelou na visão, seu destino. Muitas luas terão se passado,porém,a visão se cumprirá.
July o encarou nos olhos e afastou a mão dele de seu rosto com rudeza e falou: — Já não tenho muita escolha, meus pais se estão vivos, onde eles estão agora?Não tenho para onde ir, ou voltar, não tenho parentes, não que eu saiba, nem casa onde morar, estou completamente sem saída, não tenho escolha alguma. — Eu só sei que tenho que aprender os costumes, e aceitar viver no meio do seu povo, até quando eu não sei. Contudo, fique sabendo. Quando eu tiver alguma oportunidade de ir embora, irei, e você não poderá me proibir.
— Não Filha Pálida da Lua, você pertence a mim agora. Não é uma mulher livre para decidir seu futuro, foi capturada por mim, deve ser como tem sido desde nossas primeiras gerações. Você me pertence por direito de captura. — Como ousa dizer uma coisa dessas?Não pertenço a você coisa nenhuma, estou aqui contra a minha vontade, porque não tive escolha.
— Veremos se pensa dessa maneira quando eu estiver de volta do conselho. — ele falou ajuntando suas coisas que se encontrava na tenda da mãe. — Vou pegar meu arco e o alforje de flechas, que estão em minha tenda e me preparar para que meus irmãos e eu sigamos viagem rio acima, até o acampamento de Trovão Negro, onde reunirão todos os chefes das tribos vizinhas. — Filho venha comer assim que terminar com os preparativos da viagem. — a mãe disse comum olhar cheio de preocupação. Lobo assentiu com a cabeça e saiu da tenda da mãe. Foi para sua tenda se preparara para a viagem, como sempre a sua pintura de guerra era a mesma, começou pintar o rosto e o corpo, trançou os cabelos e colocou a tira de couro do lobo vermelho envolta da cabeça para prender melhor os cabelos. Colocou o bracelete de couro com a pintura do lobo negro. Colocou os colares, e vestiu o colete de couro de gamo, enfeitados com contas e penas coloridas, e as perneiras feitos de couro de veado, calçou os mocassins. Sempre gostava de usar a roupa de chefe, nas reuniões do conselho, a sua melhor roupa, levaria para vesti-la nas reuniões. Seguiu para atenda da mãe para comer e se despedir. Quando entrou na tenda, percebeu o olhar de admiração de July dirigida a ele, fez menção de sorrir, mas desistiu. Será que a Filha Pálida da Lua sentia algo por ele? — Coma meu filho! — disse Ursa Maior lhe entregando uma vasilha com o ensopado e um pedaço de pão assado nas brasas. Lobo Negro quando acabara de comer devolveu a vasilha e perguntou a mãe se tinha preparado os mantimentos que levaria para comerem durante a viagem até o acampamento do chefe, Trovão Negro. — Lobo Negro pretende demorar da viagem? — July perguntou com um pouco de ansiedade. — A Filha Pálida da Lua, vai sentir minha falta? — perguntou num tom zombeteiro. — Não, claro que não eu só queria saber se vai demorar por lá. Talvez eu não esteja mais por aqui quando voltar. — Não Filha Pálida da Lua, você nunca escapara do seu destino, eu não permitirei que você fuja. — Pluma Falante a filha do chefe a quem Pé de vento referiu, pode não gostar de você ter uma mulher branca em seu poder. E como você logo se casará com ela, não quero atrapalhar sendo um motivo de confusão para vocês. — ela falou num fio de voz. — Meu coração não pertence à Pluma Falante, a mulher que quero para mim, virá no tempo certo aos meus braços. Esta enciumada, Filha Pálida da Lua? — Lobo murmurou com provocação. — Ora não seja pretensioso. Aproximando de July, Lobo tomou seu rosto entre as mãos e levantou-o para que olhasse nos olhos, e admirando a beleza da linda mulher a sua frente, ele falou: — Chegou a hora de partir,quando voltar,pretendo tomar posse do que me pertence por direito. Comporte-se direitinho. —Ele baixou levemente a cabeça, e tocou os lábios dela com os seus, roçando levemente o nariz no dela ele se despediu e partiu. Ela ficou atrapalhada, em meios aos seus devaneios, seu coração remoia de tanta angústia, sem Lobo por perto, ela se sentiria completamente sozinha. Depois da partida de Lobo Negro e seus companheiros para a reunião do conselho, uma chuva fria e fina caíra durante vários dias seguidos. Será que ate o céu estava sentindo a falta dele no acampamento? July permaneceu, acomodada, dentro da tenda com a mãe de Lobo, cuidando dos afazeres domestico. Até que a chuva parasse e o sol aparecer, no céu azul. Ursa Maior ,sempre convidava o velho feiticeiro para visitarem a tenda dela ,para ajudar nos ensimamentos da cultura e costumes do povo Lakota, a mais nova moradora do acampamento.Assim ele era uma visita constante,ensinando a ela a língua nativa do povo,contando as historias dos ancestrais Lakotas,as façanhas que Lobo Negro obtivera,durante toda sua juventude até os dias atuais.Soube que alem dele ser um excelente caçador,era um guerreiro muito habilidoso, com as armas,e sem elas.Não errava um alvo com seu arco e flechas,ela tivera uma pequena demonstraçao quando ele matara o veado ,com seu arco possante.Ela lembrou. July,pouco a pouco ficou conhecendo todos os moradores do acampamento,eram pessoas comuns,amaveis,sempre lhe ajudando no que era preciso para adaptar-se aos seus costumes. Certo dia,quando a chuva havia cessado ,logo após o desenjum,ela saira para fora da tenda,passou o olhar pelo acampamento,avistara as mulheres em suas atividades diarias ,trabalhando como de costume,as crianças brincando com filhotes de lobos selvagens, e os velhos se aquecendo tomando o sol da manhã.Com as mulheres ela aprendera as técnicas de trabalhar o couro ,aprendera a confeccionar roupas e sapatos feitos de peles curtidas dos animais que os homens caçavam.Aprendera a bordar,com contas e penas coloridas e outros apretechos,confeccionar cestas com palhas de palmeiras.Diversas vezes fora para os bosques apanhar raízes,brotos comestíveis e colher frutos típico da época do ano.Ajudara ainda a esfolar os animais caçados pelos caçadores da tribo, e aproveitar tudo dos animais.Colhia milho seco para o preparo de farinha,e bolos de milho. Com Ursa maior ela aprendera a preparar as carnes de búfalos, e veados para se secarem ao sol, e a defumá-las, assim como os peixes apanhados nas redes. Aprendera a preparar deliciosos bolos, de cereais moídos, adoçados com mel silvestre. Ela estava feliz por estar sendo útil, ajudando as mulheres casadas, e mais jovens, a cuidar doas bebês que iam nascendo. Lobo Negro sempre era lembrado, por seu povo, ela de vez em outra, ouvia alguém pronunciar o nome dele. Já fazia dias que ele e seus companheiros tinham partido, o acampamento estava calmo naquele dia, e ela já tinha terminado de fazer suas obrigações do dia. Á tarde,quando o sol estava muito quente,e fazia calor, ela resolvera se refrescar no rio, afinal a maioria dos homens se encontravam caçando ou confeccionado flechas, ou ensinando jovens guerreiros às lutas corporais e a empunhar as suas machadinhas com habilidade. Aproximando da esteira de dormir de Ursa Maior ela lhe falou: — Teria algum problema se eu fosse até o rio me refrescar um pouco? — Não há problema, tome muito cuidado, não se afaste do acampamento. É muito perigoso, minha filha, andar sozinha por ai. —Ursa Maior orientou-a. —Tomarei cuidado, não me afastarei, muito. July saiu da tenda e rumou para a direção do rio, ela sabia que Ursa Maior, não desgrudaria os olhos dela, depois de tanta recomendação de Lobo, a mãe jamais iria deixar de cumprir o prometido ao filho. O acampamento estava quieto naquela hora da tarde,ninguem ousava enfrentar o sol forte,ela queria ficar sozinha para pensar um pouco na sua vida e no rumo em que ela tomara desde o náufrago. Ao chegar ao rio ela ,ela retirou os mocassins dos pés e entrou na água com a roupa que estava vestida,nada seria melhor do que nadar um pouco para descarregar o estresse e tomar um bom banho.A água estava formidável,nadou com longas braçadas,mergulhou e emergiu diversas vezes, e ficara boiando por um longo momento de olhos fechados.Naquele local as águas do rio era calma e de temperatura agradável.Abriu os olhos e nadou até uma grande pedra onde as mulheres costumava lavar as roupas.Ali ela se sentara,e com as pontas dos dedos começou a desembaraçar os logos cabelos loiros.A sua pele adiquirira um bronzeado formidalvel,e os cabelos loiros ficaram mais claros por causa dos raios solares que pegava com frequencia. Os raios de sol e o vento ajudaria-lhe a secar rapidamente para retornar ao acampamento .Deitando de costas e de olhos fechados ela ficou por horas.Tudo seria maravilhoso se os pais dela estivessem ali com ela,como ansiavam par ver os pais novamente.Um barulho parecido com um assovio fez –se ouvir próximo ao lugar onde ela estava.Passos abafados na relva eram quase inaudíveis,porém ela tinha uma audição apurada,ficou alerta. Sentou-se com rapidez na pedra e procurou pelo dono daqueles passos. A imagem de um guerreiro em pé bem a sua frente, refletida na água do rio,porém os raios do sol ofuscava-lhe a visão que não dava para reconhecer o invasor da sua privacidade. Colocou uma das mãos a frente dos olhos para enxergar melhor o invasor que ameaçava sua privacidade. — Ora, se não é a Filha Pálida da Lua, voce nao sabe que é perigoso uma mulher caçada. — Por acaso, você veio me vigiar?Pensou que eu iria fugir? Foi Ursa Maior que lhe mandou? — ela numa enxurrada de perguntas acusava o invasor.
— Não seja boba. Não ver que eu acabo de vir de uma caçada. —Ele apontou para o local em que ele havia deixado o arco e o alforje com as flechas. — Lobo Negro não irá gostar de saber que sua prisioneira anda livremente por aí sem a companhia sair do acampamento, desacompanhada? — Era Alce Ligeiro, que chegava de uma de Ursa Maior.
—Lobo Negro não é meu dono! — É verdade, concordo, ele não tem direito de mantê-la prisioneira, afinal de contas, foi para o conselho com o intuito de pedir Pluma Falante em casamento. —vociferou ele astuciosamente. — Isso é problema dele, não me importo se vai se casar com Pluma Falante. Eu não pertenço a este mundo, logo arrumarei um jeito de fugir daqui, e nunca mais ouvirei falar de Lobo Negro. —O aperto no seu coração era tão grande que sentia que iria sufocar. — É verdade Filha Pálida da Lua?Você não sente nada por Lobo?Não se importa se ele se casar com outra mulher? —Alce Ligeiro, sentiu feliz com a declaração de July. Sentiu uma esperança de conquistar o coração dos olhos brancos. — Sim, é verdade Alce Ligeiro, não me importo. —Ela mentiu. — E o que você acha de me acompanhar amanhã num passeio a cavalo?Você por acaso sabe cavalgar?
— Não, você poderia me ensinar?Ficarei encantada em aprender a andar a cavalo. Não é perigoso? — Não, se tratando de montar minha égua Flor de Lotus,ela é uma boa menina,você não correrá perigo algum se montá-la.A que horas poderá estar disponível par irmos? —Ele perguntou ansioso. Seria a chance de conquistar o coração da Filha Pálida da Lua. — Porque Você não vai jantar conosco esta noite, daí poderemos falar com Ursa Maior para pedir permissão, e saber o que ela pensa. — Sim, será melhor, que seja assim. Irei logo mais a noite, mas não para jantar com vocês, pois minha mãe vai ficar decepcionada se eu não comer do ensopado de gamo que eu trouxe hoje. —Ele apontou para a caça abatida, deixada no chão, junto das armas dele. —Agora, Filha Pálida da Lua, seria melhor que você viesse comigo, é muito perigoso, ficar sozinha por aqui. Vamos. —Ele lhe estendeu a mão para ela se levantar, e juntos rumaram-se para o acampamento. Vários olhares se voltaram para eles quando apontaram juntos ao acampamento, algumas mulheres trocaram palavras entre si, admiradas por ela estar sozinha na companhia de um guerreiro. Ela não se importou com os olhares, pois tinha a consciência tranqüila que não tinha feito nada demais. Ao entrar na tenda de Ursa Maior. Ela estava sentada no tapete de dormir, com um lindo vestido nas mãos, bordando com todo cuidado. Ao ouvi-la entrar, saudou-a com um leve sorriso. — Há a Filha Pálida da Lua, retornou!Como foi tudo? — Foi muito refrescante, a água estava uma delicia. Encontrei Alce Ligeiro por lá quando retornava da caçada. Trouxe um enorme gamo para a mãe dele. Convidei-o para jantar conosco esta noite,mas ele não aceitou,disse que teria que provar da caça preparada pela mãe, para não decepcioná-la. — Fica pra próxima vez então, quando meu filho estiver retornado. — Ele me convidou para andar a cavalo amanha. Virá pedir permissão para a senhora. — Minha filha, não fica bem para uma moça andar desacompanhada por ai com um guerreiro, não é nosso costume, a menos que esse guerreiro esteja-lhe cortejando. Por acaso Alce Ligeiro lhe disse que está interessado em cortejá-la? — Ela perguntou com um olhar de desconfiança no rosto. — Isso não aconteceu, Ursa Maior, ele apenas estava querendo me ensinar a cavalgar. — Se a Filha Pálida da Lua não sabe andar a cavalo, e quer aprender, peça a meu filho para ensiná-la então. — A velha senhora estava zangada por ela ter conversado com o guerreiro. July pensou. — Mas seria para fazer uma surpresa a Lobo, quero que ele me veja cavalgando quando voltar do conselho. — Se é para agradar o filho de Ursa maior, você poderá ir então com Alce Ligeiro, já que ele não lhe faltou com respeito. — July sabia que a senhora permitiria se falasse que seria por Lobo que estava querendo aprender a cavalgar. A noite chegara, e naquela noite teriam a visita de Alce Ligeiro, como ele havia prometido, apareceu tomado banho, e vestido com perneiras e camisa de couro de alce. Ele levantou a cortina de couro e adentrou a porta da tenda, era um guerreiro forte,alto,era muito simpático.Lá fora o vento soprava ligeiramente,dando a noite um ar de que a promessa de uma tempestade poderia cair a qualquer momento.Relâmpagos clareavam o céu sem estrelas.O marido de Ursa Maior,Búfalo Bravo,em pé ao lado da porta recebera o visitante com um abraço de irmãos.July estava ao lado de Ursa Maior ajudando a prepara uma bebida adocicada com mel silvestre e sementes de coca.Bebida típica dos índios,servida entre amigos em ocasiões especiais. — Irmão, boa noite, è um prazer recebê-lo em nossa tenda, sente-se ao redor da fogueira, para se aquecer do frio trazido de fora. — Búfalo Bravo indicou a direção do fogo, onde July havia forrado tapetes trançados de folhas de palmeiras. — Obrigado, irmão. — Agradeceu Alce Ligeiro sentando-se a moda indígena, pernas cruzadas e o corpo elegantemente reto. — Alce Ligeiro. Boa noite, filho de Garça Pequena. Como sua mãe vai? — cumprimentou Ursa maior. — Boa noite mãe de meu grande irmão Lobo Negro, minha mãe passa bem, mandou trazer isso a Ursa Maior, para que preparasse um ensopado amanhã. — era uma manta de carne de gamo, preparada com raízes e cebolas nativas, estava pronta para ser cozinhada. — Obrigada, filho, agradeça sua mãe por mim. Foi muita gentileza, repartir a sua caça conosco. — Como está a filha Pálida da Lua? — Perguntou olhando diretamente para ela. — Muito bem, obrigada Alce Ligeiro pela visita. Todos sentaram ao redor da fogueira,e conversaram sobre diversas coisa,July escutava as historias contadas pelo esposo de Ursa Maior ,e ria diante de tantas atrocidades feitas pelos guerreiro Lakotas. Logo Ursa Maior se levantara para preparara porções da bebida quente em copos feito de madeira entalhada e oferece ao visitante e aos demais. Bebericando e apreciando o gosto da bebida, July prestava atenção na conversa dos dois homens sentados à volta da fogueira. De vez em quando sentia os olhos escuros do visitante pousar em seu rosto, e demorar ali, ate que ela lhe retribuísse o olhar. Encarando-se uma vez, July pode sentir o forte encanto pessoal provindo daqueles olhos negros, ele era um guerreiro bastante atraente,e sua presença estava lhe causando um desconforto ,desviando o olhar,ela continuou a beber calada a bebida borbulhante — A Filha Pálida da Lua me disse que você pretende ensiná-la a cavalgar Flor de Lotus. — declarou Ursa Maior.
— Sim, eu gostaria de pedir-lhe permissão para irmos ate as clareiras, lá e mais plano e será menos perigoso, se por acaso ela vier a sofrer uma queda.
— Será de grande valor, ela aprender a montar, por isso deixo que a leve sob seus cuidados, e a ensine a montar. — Pode deixar mãe de meu irmão Lobo Negro, estará segura comigo, não correrá perigo algum comigo. — Então estarei esperando por você aqui para começarmos bem cedo à aula de cavalgar Flor de Lotus. — Bem já está na hora de eu ir, é melhor recolhermos, logo a chuva caíra. Se não estiver chovendo amanha, passarei por aqui, para pegar a Filha Pálida da Lua para irmos cavalgar. —ele falou, se despedindo e saindo rumo à tenda de seus pais. Quinto Capítulo
O acampamento, naquele dia, se encontrava presenteado pelos raios do sol brilhante no céu azul límpido. Mas todos continuavam em suas tendas, ninguém, a não ser July e Alce Ligeiro tinham acordado ainda. Alce Ligeiro a encontrara-a, à porta da tenda de Ursa Maior, e rumaram-se para local aonde ele iria lhe ensinar a montar Flor de Lotus.Ele iria lhe ensinar a montar a moda indígena. Puxando o animal por uma corda feita de cipó torcido, ele ia orientado-a de como deveria montar para que saísse bem no seu primeiro dia de aula. Ao chegarem ao local escolhido por Alce Ligeiro, ela ficou maravilhada, era lindo aquele lugar. Uma longa extensão de grama rasteira cobria aquela área toda plainada, Algumas saliências eram cobertas por pequenos arbustos.
— Bem Filha Pálida da Lua,aqui estamos,agora venha aqui,e deixe eu ajudá-la s montar Flor de lótus,não se preocupe,você não vai cair.
Pegando-a pela cintura fina, ele a colocou no lombo da égua, com uma perna de cada lado.
— Alce Ligeiro,nao posso montar desse jeito,la na minha terra,as mulheres sentam com as duas pernas de um só lado do animal.Assim,só os homens podem montar, pois nao esfolam as pernas,por estarem vestido de calças compridas. — ela protestou .
— Como voce é engraçada Filha Pálida da Lua,não vê que desse jeito você ficará mais segura sob o animal?Não corre perigo de cair.Se o animal por acaso se assustar e disparar em uma corrida maluca. Eu já vi como as mulheres dos os olhos brancos montam.— ele debateu.
July,se sentia meio incomodada,daquele jeito,e ainda por cima não usavam nada sob o lombo do animal,era acostumada a ver as montarias com selas.Sentia que poderia a qualquer momento escorregar do lombo de Flor de Lotus.Mas com Alce Ligeiro puxando o animal pela corda ,ela sentia mais a vontade.Bem de varinho,ela segurou na crina da égua para firmar-se pouco. — Nao precisa sentir medo,primeiro eu irei ajudá-la controlar Flor de Lotus,depois voce vai sozinha. — ele a confortou.
— Por favor nao solte a corda.Você acha que Flor de Lotus não irá me estranhar?Afinal de contas,ela esta acostumada a carregar,somente você! — July perguntou desconfiada.
Alce Ligeiro,soltou uma gargalhada e parou,para olhar July de frente,e falou;
— Ela é uma boa menina,deixe ela se acostumar com você,sentir seu toque,aprender a reconhecer você atraves do cheiro suave que é exalado de sua pele.Para que ela saiba definir você de outro que já a tenha montado. — Acha mesmo que ela pode sentir o meu cheiro?E destingui-lo do seu? — Claro ,ela é muito inteligente,já aconteceu de ela me reconhecer no meio dos meus outros irmãos ,apenas deixando ela cheirar cada um de nos. — Verdade?Que maravilha. — ela alisou o pescoço do animal com carinho. — É melhor continuarmos a lhe ensinar.Pode oltar a chover logo,logo e o caminho de volta ao acampamento,não é nada perto. — ele virou e puxou a égua,com July montada. Após algumas horas July já estava cavalgando Flor de Lotus soziha,e Alce Ligeiro com as mãos na cintura,se encontrava de pé,debaixo de um pinheiro,dando as cordenadas.Já era bem tarde ,naquela manhã,e logo,ele resolvera acenar para ela se aproximar dele. —Bom, Filha Pálida da Lua,temos que ir,já esta tarde,temos que comer alguma coisa se quizer,poderemos continuar outro dia. — Claro,Alce Ligeiro,temos mesmo que ir,prometi ajudar,Ursa Maior com alguns afazeres domesticos agora à tarde. —ela concordou —Continuaremos outro dia. De volta do conselho O vento impetuoso soprava um vapor muito quente,o sol estava no seu estado de quentura máxima,as águas caudalosas do rio estavam muito agitadas,quando a canoa de Lobo Negro,e mais dois guerreiro ,e uma mulher índia estavam acabando de chegar à margem do rio.Ao chegar as margens,eles puxaram-na para fora do rio,estavam chegando do conselho das cincos tribos Lakotas.Lobo estivera um presentimento de que algo de não muito bom estava acontecendo na aldeia durante sua viagem.Ele se sentia exausto,remar durante varias horas afio,e atravessando as águas bravias do grande rio ,havia deixado ele e seus amigos muito cansados. — Chegamos,a nosso acampamento,espero que a viagem não a tenha deixado tão cansada.Pluma Falante. —falou Lobo num tom amigável. . Não tivera escolha,teve que aceitar o pedido de refúgio do Chefe Trovão Grande,para a filha Pluma Falante.Pois se encontravam em pé de guerra com os Apaches,e ele achou que se a filha estivesse segura,lá na aldeia de Lobo,poderia lutar melhor juntos com seus guerreiros,e aliados.Lobo oferecera cinquenta dos seus melhores guerreiros para ajudarem na batalha.Porém Trovão Grande agradeceu,mas disse que se precisassem de ajuda enviariam um mensageiro.Lobo Negro,esperava que aquela guerra acabassem bem.Pois,não queria que a vinda de Pluma Falante a sua aldeia,viesse a lhe trazesse problemas com a Filha Pálida da Lua. Não parara nem um minuto se quer de pensar na linda mulher que havia deixado na tenda de sua mãe.Mesmo quando estava reunido na tenda do conselho,ele não deixara de pensar nela.Muito se sentia-se culpado, pelas vezes que um dos chefes tocavam seu braço para que prestasse atenção ao que eram discutiam. De volta à montaria Alce Ligeiro deu um salto e montou na traseira da égua,e passou os braços em volta da cintura dela,tomando a corda nas mão,para conduzir o animal de volta ao acampamento. Ela se assutou com a proximidade dele em suas costas. Mas ele lhe explicara. — Assim chegaremos mais rapido ao acampamento,não se preocupe eu nao vou te morder.nem agarrá-la. — falou num tom de brincadeira. Logo se pondo a trotar,a égua os conduziu de volta ao acampamento.Ao entrarem ,pela frente, puderam ver que todos estavam ocupados nos seu afazeres do dia a dia.July sentiu um leve arrepiar ao notar que algumas mulheres que estavam triturando cereais sentadas próximo a entrada da aldeia,voltaram-se e deram-lhe um olhada de censura.Sentindo-de envergonhada, ela baixou a cabeça,e pediu que ele a pusesse no chão.Sob o olhar de reprovação das mulheres,ela se deixou se colocada no chão suavemente por Alce Ligeiro.Ele continuou segurando a cintura dela com mãos fortes.Ele parecia não querer soltá-la. Continuava com ela presa entre os braços firmes.
Porém ,ela sabia que nada demais havia acontecido entre eles,e tinha a permissão de Ursa Maior, para irem cavalgar,e no mais os outros e que se danassem,ela pensou. — Gostaria de repetir a façanha?Poderemos irmos de novo quando quizer ,Filha Pálida da Lua. — ele falou segurando o queixo dela. Ela ficou muito contrariada por ele apimentar a situação daquele jeito.Lhe lançou um olhar de reprovaçao,por ter dado mais um motivo de falatório entre os que tinham visto eles chegarem juntos montando, Flor de Lotus.
— Acho que não é conviniente que nós continuemos saindo sozinhos, a menos que levamos alguma outra pessoa junto.Não vistes o olhar de reprovaçao das mulheres? — ela disse baixinho,olhando na direção das mulheres.
— De que tem medo?Não vou atacar você!
— Não tenho medo de nada,Alce Ligeiro,porém,você é que deveria sentir medo.Não viu o olhar das mulheres solteiras da tribo?Elas estão com ciúmes de você estar saindo comigo.— Ela caçoou. — Isso porque sou um guerreiro que tem boas qualidades,e boa reputaçao com as mulheres. — ele se exaltou num tom brincalhão. Lobo Negro,mal acabara de chegar do conselho das cincos tribos,fora informado que a Filha Pálida da Lua,junto com Alce Ligeiro,tinham saido para que ela aprendesse a cavalgar lá nas colinas,longe do acampamento, e de todos.Sentindo que uma sensação de que uma tira apertada estava sendo amarrada muito forte ao peito,não conseguira se conter,e mal deixando Pluma Falante na tenda da mãe,e seus pertences,arco e alforjes de flechas.Saiu rumo onde se encontrava seu alazão, Tashunga ,porém; logo os avistaram juntos da égua de Alce Ligeiro próximos a entrada do acampamento. . Eles nem perceberem que alguém se aproximava do local onde eles haviam parado.Continuavam falando da próxima aula de lhe ensinar a montar. De repente ela sentiu um puxão forte e viu-se arrancada dos raços fortes de Alce Ligeiro,por mãos de aço,que a colocou frente a frente com o destemido chefe Lakota Lobo Negro. — A Filha Pálida da Lua,mal viu-se livre de mim,já esta saindo por ai encorajando os guerreiro da tribo com sua beleza imoral?Porque não esperou até eu voltar do conselho,para lhe ensinar a montar?Quer me desmoralizar diante do povo aquem eu sou o chefe? — ele recriminou-a olhando dentro dos olhos azuis. — E você Alce Ligeiro,não tem nada mais importante para fazer,do que andar por ai ensinando mulher dos outros a montar? — Lobo perguntou com um olhar feroz e reprovador. Sem responder Alce Ligeiro pegou a corda que estava amarrada `a Flor de Lotus,e se afastou contrariado com a repreenda do chefe indigena.
— Quem você pensa que é?Não sou sua mulher coissima nenhuma.Seu grandeissimo selvagem bruto.Tire suas mãos de cima de mim porque está me machucando,seu grosso! —ela esbravejou.
Soltando o braço de July,ele tocou com as pontas dos dedos o rosto dela,e acariciou de leve as bochechas,e falou num tom meigo e baixo. — Desculpa-me!Eu fui muito impetuoso.Tinha acabado de chegar do conselho,e procurei por você,mas minha mãe me disse que tinha ido com Alce Ligeiro sozinhos aprender a montar. —ele fez uma pausa,para respirar e continuou. —Quando vi que você estava sendo abraçada por ele,no meio do acampamento,sob os olhares de meu povo,fiquei cego de raiva.
— Ele apenas tinha me ajudado a desmontar do lombo de Flor de Lotus,nada mais aconteceu.—ela explicou mais calma. Sentia o coração bater descompassado,pela proximidade dele.Era assim que ela sempre se sentia ,quando ele estava por perto de onde se encontrava,e isso a perturbava muito. Ele estava muito bonito, usando apenas a tanga de couro de veado, e as perneiras acompanhadas pelos mocassins de canos longos, a pintura dele estava magnífica. Os cabelos estavam soltos, longos e negros, presos pela tira de couro do lobo vermelho. O peito musculoso subia e descia com a respiração entrecortada, a artéria do pescoço pulsava fortemente, parecia que iria estourar a qualquer momento. Ele estava sentindo o mesmo que ela?July pensou, saindo do transe. — Agora que estou de volta ao acampamento,eu mesmo poderei lhe ensinar a montar.Tenho uma otima égua,muito docil,você irá gostar de montá-la. —Eu agradeço,porém a lição ja me bastou por hoje.Eu desisto de aprender a montar,basta de confusão a de hoje só,chega! —ela disse despertando daquele momento de magia. Ficara tão desapontada e sentia um enorme sentimento de raiva,pela atitude descabida de Lobo,de a repreender duramente e a Alce Ligeiro,que fora apenas simpático e amigável com ela.Nada passara daquilo,apenas era um começo de uma boa amizade entre eles.
— A Filha Pálida da Lua,desistiu muito rápido de aprender a montar. —Ele falou sério,com ar desconfiado. —Por acaso não gosta da minha companhia?
—Não seja tolo,apenas decidi que montar não é coisa de mulher aprender.É muito desconfortável a maneira de se montar por aqui.Lá onde eu morava,as mulheres não montavam com as pernas de cada lado do animal,mas de um só lado,as duas. E tem selas apropriadas para mulheres melhor se acomodarem.—ela explicou,sentindo-se mais calma.
— Logo você se acostumará com tudo por aqui,nossos costumes,vem de muito longe,desde as mais remotas gerações,e temos que dar continuidade ao nosso, Clã.Foi nossos antepassados que criaram tudo que sabemos e aprendemos.
— Não preciso aprender tudo da sua cultura,aqui não é e nem será jamais minha casa.Eu tenho pais,e tenho certeza que eles esperam me encontrar.Porque não me ajude,me levando para as minas de que lhe falei? —ela argumentou encarando o belo rosto pintado.
— Porque não se acostuma com sua nova vida?Aqui é sua casa,seu povo somos nós agora,já lhe disse antes.Pensei que quando eu voltasse do conselho,lhe acharia mais docil,e acostumada com minha gente. — ele se zangou,e tocando os ombros dela com ambas as mãos,pressionou-o forte,e a puxou para acompanhá-lo ate a tenda de Ursa maior. Ao chegarem próximo a entrada da tenda da mãe de Lobo,encontraram a porta feita de couro,aberta.Entraram,e avistaram Ursa Maior e uma jovem índia sentada num tapete feito de pele de urso, estendido num canto da tenda,elas conversavam,ao notar que eles entraram,calaram-se. — Ursa Maior, minha mãe, seu filho, Lobo Negro, chefe do seu povo, regressou do conselho, vivo e abarrotado de noticias para contar ao povo Lakota.
— Lobo Negro, meu filho, que bom que voltou!Agora meus olhos podem descansar das noites mal dormidas, que passei desde sua partida. — disse ela acariciando-o na face com carinho.
— Sehe!Tudo bem pode ficar quieta, tranqüila, seu filho voltou. — ele abraçado com a mãe acariciava ternamente sua cabeça com a mão.
— Sim, filho.
— Vejo que a filha do chefe Trovão Grande, está sendo bem tratada. —ele disse olhando a jovem que continuava sentada encarando-os. —Encontrei a Filha Pálida da Lua, tinha acabado de chegar junto com Alce Ligeiro. — ele disse virando para olhá-la de frente.
July tinha os olhos cravados na moça que estava sentada no tapete de Ursa Maior. Então era verdade?Lobo tinha ido ao conselho para se juntar com a filha do chefe, Pluma Falante?Ela deduziu com uma pontada de ciúmes. Ele percebeu o interesse dela pela visitante, e fez menção de um sorriso. — É conveniente que agora a Filha Pálida da Lua, venha comigo para minha tenda. Aqui não poderão caber todos, agora que Pluma Falante veio para ficar uns tempos conosco. — apontou para ela. Pela cara que a jovem índia fez, July deduziu que a idéia de Lobo não lhe agradara nem um pouquinho.
—A decisão cabe a você meu filho. Você e nosso chefe, sua palavra tem poder, e é nosso dever obedecê-lo, pois você tem grande sabedoria para resolver tudo. —Ursa Maior disse com suavidade. —Porém, essa daí, vai me fazer muita falta para me ajudar, e conversar. Venha minha filha me de um abraço, vou sentir muito sua falta. Elas se abraçaram, porém July falou: —Não poderia ser Pluma Falante a ir para a tenda de Lobo? Ou então eu poderia morar com outra família da tribo. — ela sugeriu. —Não!Você vira para minha tenda. É nosso costume,quando se captura uma mulher,o guerreiro é responsável por ela. E enquanto a Pluma Falante, ela fica aqui com Ursa Maior, já está resolvido. —Lobo falou pondo um ponto final na discussão. —você quer continuar viva, e desfrutando de sua liberdade no meio do povo, não quer? —Claro que quero, porém, não com as pessoas me vigiando a cada passo que eu dou. E não com você o tempo todo me dizendo o que fazer. Meu espírito é livre, não sou prisioneira de ninguém,quando ocorrer uma oportunidade de eu ir para as minas procurar pelos meus pais,eu irei, e você não poderá se aplicar pena quanto a isso. E nem me proibir. —ela desabafou. Lobo com uma ruga no meio dos olhos e uma mudança na expressão do olhar falou:
— Não Filha Pálida da Lua,você não irá,sabe por quê?Por que enquanto estive fora, andei vasculhando todo território das minas de que falou. Trovão Grande tem amigos por lá, e disseram que ninguém escapou do náufrago, só você, conseguiu sai viva. Eu sinto muito. —É mentira, diz isso para me enganar. —ela gritou sem conter as lágrimas que caíam pelo seu rosto pálido por causa da noticia. —Não olhos brancos, Lobo Negro disse-lhe a verdade. Eu mesma vi quando os guerreiros trouxeram as noticias ao meu pai. Lobo fora junto, ele não mente ninguém mais escapou da embarcação, a não ser você. —Pluma Falante falou seriamente. —Oh, meu Deus!Não tenho mais pais, não tenho mais ninguém no mundo a que pertenço,estou sozinha. Numa região estrangeira, no meio dum povo que não é o meu, e nem fala minha língua, não tem meus costumes. Sinto-me completamente perdida, fraca e sem saída. —as lágrimas caíam copiosamente e ela sentiu os braços protetores de Lobo envolta do seu pequeno e frágil corpo, que era sacudido pelos impulsos do choro. Ele lhe acariciava os cabelos longos, passavam as pontas dos dedos na face molhada, deixou que ela se desabafasse. Até que ao vê-la diminuir o choro, e a agitação que sacudia o corpo dela, ele lhe disse numa voz ,calma e meiga: —Se acalme, Filha Pálida da Lua,você não esta sozinha nem perdida no mundo.Você tem a mim,e a meu povo,somos sua família agora,como tinha dito-lhe antes.Enquanto estiver comigo nada de mal lhe acontecerá,nós a recebemos em nossa tribo,sabemos o valor que tem,provou ser digna de ser considerada um de nós.Nosso povo é generoso e honrado,e sabe acolher a quem faz por merecer,você já aprendeu muito dos nossos costumes,e de nossa língua,por isso já pode se considerar uma de nossas mulheres da tribo. —Lobo Negro disse gentilmente.
—Você é muito gentil Lobo, obrigada por me ajudar! Mas nunca será a mesma coisa. — O tempo vai curar suas feridas,e você não se lembrara das coisas ruins,somente as coisa boas,você vai ver como tenho razão.Agora pegue tudo que é seu e vamos, vou lhe mostrar onde irá morar ate Pluma Falante voltar a tenda dos seus pais. Ela ainda soluçando,recolheu os poucos pertences que tinha e, despedindo-se de Ursa Maior e Pluma Falante, que lhe olhava com rancor, seguiu Lobo até uma colina próxima ao rio.Um pouco afastada das outras tendas, se encontrava a de Lobo. Era uma enorme tenda feita de couro de búfalo, tinha varias pinturas do lobo negro feita com muita habilidade, na altura da tenda uma cabeça de lobo diferenciavam-na das outras demais, que tinha no acampamento. —Entre, não se sinta medo, eu não fazer nenhuma coisa com você, a menos que me peça. —ele disse abrindo a entrada da tenda para ela entrar. O interior da tenda de Lobo era bem maior do que a maioria das outras que vira, tinha uma repartição que separava o lugar de dormir e o lugar onde fazia as refeições. Estava imaculadamente limpa e perfumada com raízes que exalavam um suave perfume de cedro, tudo se encontrava no seu devido lugar, um enorme tapete de dormir feito de pele de urso negro estava estendido sob uma esteira de folhas de palmeira trançado. A fogueira estava apagada e tinha uma espécie de armação por cima onde se pendurava os caldeirões de barro feito pelas mulheres da tribo, para o preparo de comida.
—O que achou de minha tenda? —ele perguntou retirando a aljava cheia de flechas, dos ombros e pendurando num canto junto com o arco e a machadinha. —É muito acolhedora, diferente das outras que já vi aqui no acampamento. —ela disse sem saber onde colocar suas coisas. Parecendo adivinhar o pensamento, ele pegou-lhe os pertences e depositou em cima de um amontoado de peles novinhas. —Só tem um tapete de dormir?Onde irei dormir Lobo? —ela perguntou desconfiada. — Não se preocupe depois lhe providencio um. Sabe cozinhar Filha Pálida da Lua? —ele perguntou curioso. — Não muito, aprendi um pouco com sua mãe, enquanto você estava fora. Por quê?
— Quando eu estiver fora, caçando ou fazendo outras coisas, terá que cozinhar para nós. Você se importa? — Claro que não. Não possuo experiência, mas posso tentar, pedirei ajuda a Flor do Campo, ela é uma ótima cozinheira. — ela disse sorridente. Ele assentiu com um movimento de cabeça. Lobo saíra, mas antes lhe explicara que tinha que se encontrar com os demais guerreiros para discutirem, assuntos destinados a mudança de acampamento que fariam antes do inverno chegar. Assim ela incumbiu dos afazeres da sua nova moradia. Quando o trabalho do dia estava pronto, ela fora a procura de Flor do Campo e juntas com as outras moças ,foram ajudar as outras mulheres casadas a defu¬mar e secar a carnes e peixes trazidos pelos guerreiros, além de colher raizes comestives,cebolas silvetres usadas para temperar a comida,e moerem os grãos de milho e outras sementes destinadas ao preparo de ensopados de carne e bolos adoçados com mel e morangos silvestres.Não tinham tempo para divertirem,pois logo chegaria o momento de partirem para o novo lugar onde iriam armar o acampamento e esperar pelo inverno costante,por isso tinham trabalhado tando para armazenar o maximo de comida para nao passarem faltara durante o rigoroso inverno que viria. July aos poucos ia conquistando o coraçao do povo Lakota,a amizade das mulheres,as crianças que sempre alegres e sorridentes a seguiam por toda parte.Conseguira receber dos mais velhos o respeito,e ganhara um lugar especial em seus coraçoes envelhecidos,mas muito cheio de amor para dar.Em vez ou outra ela ia aprendendo os costumes de outros povos que iam visitar o acampamento Lakota,eram pessoas parecidas com as quais ela morava agora. O dia inteiro ela passara envolvida com as mulheres da tribo ,que trabalhavam cantarolando várias canções na lingua nativa.Ao terminarem os deveres daquele dia,ela voltou para a tenda de Lobo Negro,e ainda sem muita prática ela acendeu a fogueira que já tinha sido preparada antes por ele.As chamas baixas do fogo,começaram a clarear o interior da tenda.Junto com Flor do Campo,em sua tenda haviam preparado deliciosas tortas de milho e morangos silvstres adoçados com mel.Tinham feito também geleias de framboesas colhidas à beira do rio.Estava agora a prepara uma sopa de arroz moído e carne de alce,que tinha sido entregue a ela por Ursa Maior,horas antes de voltar a tenda de Lobo. Ao terminar o ensopado,ela foi ver se poderia providenciar um lugar para dormir naquela noite,na outra repartição da tenda.Ficara maravilhada com o que vira,certamente quando estivera fora,Lobo voltara à tenda,e ele mesmo já havia providenciado uma esteira,e nela havia sido colocado um grosso pelo de urso,e sob ele estava a belissima manta de embrulhar, feita do lobo vermelho ,a preferida dele. O farfalhar do barulho de couro curtido sendo levantado,fez com que ela voltasse,e desse de cara com ele. — Me parece que a Filha Pálida da Lua, andou praticando bem com Flor do Campo! O aroma saindo da minha tenda, lá fora, está muito convidativo. O que temos para comermos hoje?
— Não deboche de mim, eu ainda não estou boa para cozinhar. Fiz apenas sopa de arroz com carne de alce, e junto com Flor do Campo, preparamos tortas de milho e geléia de framboesas. — Me parece muito apetitosas. — ele passou a mão no estomago liso e esbelto. Eu trouxe uns coelhos, e já estão limpos. Podemos guardá-los para serem assados amanhã. — Deixa pra você me elogiar depois de ter provado, vai ver que não esta tão apetitosa assim. —disse guardando-os num caldeirão feito de couro de búfalo. O brigado por ter preparado uma esteira de dormir para mim. — ela disse apontando na direção. — Não precisa me agradecer, afinal, pensei que não gostaria de dividir meu tapete de dormir comigo. Estou certo ou não? — ele disse num tom convidativo. Sentindo o sangue subir lhe a face ela afirmou com um movimento de cabeça, e deu-lhe as costas, indo terminar com a comida. Ela sentia o olhar dele sobre ela a todo o momento, a cada movimento que ela dava. Era constrangedor estar apenas com ele ali naquela tenda, mas não tinha outro jeito, ele não concordaria de ela morar com mais ninguém, ele prometera que não lhe faria nenhum mal. Ela havia prepara chá de funcho, que havia colhido junto com outras ervas aromática, e adoçara com um pouco de mel. Sentado num tapete próximo a fogueira, Lobo saboreava um pouco do ensopado. Ao terminarem de comer, ela lhe servira uma porção da infusão adocicada. — Você aprendeu bem, com minha mãe, a preparar as bebidas, tem o gosto e o aroma igual ao preparado por ela. —ele elogiou. Deixando a vasilha ao lado, ele se levantou e foi até onde ela se encontrava sentada. Agachando-se a sua frente ele mirou-lhe os olhos azuis e falou num tom rouco e meigo: — Você é linda a estilo de uma mulher branca. Sua pele adquiriu uma cor encantadora, da cor de mel, seus cabelos estão da cor das luzes do sol refletidas nas folhas secas das árvores. Essas pintinhas coloridas das suas faces se parecem com as estrelas vivas no Céu Pai. Seus olhos têm a cor refletida nas águas do grande rio. Sua linda boca de lábios carnudos lembra os morangos vermelhos, um nariz pequenino, e levemente arrebitado, como as mais belas montanhas, tudo em você e maravilhoso. Eu a observo como sendo isso, a mais bela das mulheres que eu já vi em todos meus trinta invernos. Uma verdadeira mulher, mesmo não tendo observado você freqüentar a tenda do isolamento, onde todos os meses nossas mulheres tem que se recolher a fim de se purificar do seu período de contaminação, derramando seu sangue contaminado na terra mãe. Eu a vejo como uma mulher igual às outras. —ele sorriu para ela, e pegando as suas mãos forçou-a a se levantar e ficar de pé junto a seu corpo musculoso. Num gesto possessivo, com as mãos nas costas dela, moldara-lhe o corpo dela de encontro ao seu com muita ,mais muita perfeição.
Ela sentia que iria ser estraçalhada, com a sua força e a tamanho dele. Sentiu de perto seu cheiro másculo, sua virilidade de macho no cio. Ele soltara murmúrios de satisfação ao sentir o modo que ela se arrepiava de encontro ao seu peito nu e musculoso. Ela pode sentir as batidas aceleradas e fortes do coração de Lobo,junto aos seus seios que se encontavam apertados por debaixo do vestido de pele de gamo. Ao sentir o calor da mão dele subindo até encontrar sua nuca por debaixo das madeixas longas de seus cabelos , arrepiou-se da cabe¬ça aos pés. Com a outra mão livre Lobo,passou a acariciar suavemente as suas coxas por cima do vestido, deslizando a mão pela coxa macia, ele segurou a barra do vestido de July, o que fez com que ela movesse sensualmente o corpo colado ao dele.Lobo sentiu seu pulso acelerar, a medida que ela se contorcia junto a ele. A reação dele foi assombrosa e agarrando mais ainda a ela, gemeu profundamente.July ficou estarrecida com a reaçao dele,nunca tinha ficado tão perto de outro homem antes,e não demorou muito para ela perceber o membro viril ereto, forçando a tanga a se levantar. No entanto, com a respiração descontrolada, ela instintivamente, o afrontou com a expressão raivosa, reuniu forças, Deus, não sabia onde conseguira, e começou a se agitar. — Pare já com isso! O que pensa que esta fazendo?— protestou, desconcertada, e ajeitando o vestido no corpo. —Não sou nenhuma vagabunda, para você se aproveitar das circunstancias. —Não ficarei mais um minuto aqui com você. Quero ir para a tenda de Ursa Maior agora mesmo! Lobo Negro com muito custo tentou se controlar. De olhos fechados ele, viu se travar uma luta em seu intimo, entre o desejo que sentia naquele momento pela Filha da Lua, e a sensatez de controlar-se e esperar pelo momento em que se unissem em casamento com a cerimônia indígena. Onde seus sangues misturar-se-iam e ela se tornaria carne de sua carne e osso de seus ossos, e teriam muito filhos abençoados pelo manitu. Ele sabia que quando fossem entregues um ao outro como marido e mulher,à noite em que se unissem,seria uma noite explendorosa, as duas metades do céu se colidirão e terá estampidos e tremores nessa hora, ele ensinará a ela os caminhos do amor entre um homem e uma mulher. Sabia que a Filha da Lua,era inexperiente,era muito jovem e tinha certeza que ele seria seu primeiro homem.E a hora certa estava se aproximando deles,ele podia sentir isso, ela tinha retribuído seus carinhos com suspiros e arrepios da sua pele,momentos antes . Lobo observara o rosto delicado e rosado dela,seus labios tremiam de excitaçao,os olhos arregalados expressando desejo reprimido.Definitivamente ela era sua,a Filha da Lua roubara-lhe o coraçao desde o dia em que ele a encontrara perdida a beira do rio. Não esse não era o momento certo de tomá-la como sua,faria tudo direitinho conforme seus costumes ,sabia que se a tomasse uma única vez,ele iria quere-la para sempre como sua unica esposa e mãe de seus filhos.